quinta-feira , 26 de junho 2025

MIGA? Trump sugere derrubar governo iraniano. Entenda

Trump faz referência a seu próprio movimento político ao sugerir derrubada do governo do Irã. “MIGA – ‘Make Irã Great Again'”, escreveu

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue afundando seu país na guerra provocada por Israel no Oriente Médio. No domingo (22), o radical de extrema direita sugeriu mudança de regime político do Irã. A declaração foi feita nas redes sociais, um dia após os EUA entrarem oficialmente na guerra, com bombardeios a três instalações nucleares no sábado. Entenda na TVT News.

Em uma publicação na sua rede Truth Social, Trump usou o slogan “MIGA”, sigla para Make Iran Great Again (Tornar o Irã Grande Novamente), numa provocação direta ao regime iraniano e em referência ao seu próprio lema de campanha, “MAGA” (Make America Great Again).


“Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de TORNAR O IRÃ GRANDE NOVAMENTE, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!!”, escreveu.


Apesar da declaração polêmica sobre o “MIGA”, autoridades do governo americano tentaram amenizar o tom. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que os ataques foram direcionados exclusivamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano e não tinham como objetivo derrubar o governo de Teerã. “Esta missão não era e não tem sido sobre mudança de regime”, garantiu.

MIGA – guerra sem fim

O conflito entre Irã e Israel, que começou oficialmente em 13 de junho, escalou rapidamente. Inicialmente centrado em ataques mútuos entre os dois países, o cenário mudou no sábado, quando os Estados Unidos intervieram diretamente com o bombardeio de três instalações nucleares iranianas, incluindo a central de Fordow, que sofreu danos severos. O governo local, contudo, disse que conseguiu evitar tragédia maior ao retirar materiais nucleares da usina antes do ataque.

Trump já vinha sinalizando a entrada direta dos EUA na guerra em defesa dos sionistas radicais de Israel. Na terça-feira (17), declarou que o país “já tinha o controle do céu do Irã” e chegou a afirmar que sabia onde se encontrava o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, embora tenha acrescentado que não pretendia atacá-lo “por enquanto”.

Ainda assim, o discurso da Casa Branca mantém um tom dúbio. A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que Trump “ainda está interessado” em uma solução diplomática, mas não deixou de pressionar. “Se o regime iraniano se recusar a buscar uma solução diplomática pacífica, que o presidente ainda está interessado em perseguir, por que o povo iraniano não deveria retirar o poder desse regime incrivelmente violento que os reprime há décadas?”, questionou.

Irã evita escalada total

As respostas de Teerã vieram imediatamente. O novo chefe das Forças Armadas iranianas, Abdolrahim Mousavi, afirmou que o Irã não medirá esforços para retaliar tanto Israel quanto os interesses militares dos EUA na região.

“O criminoso governo dos EUA deve saber que, além de punir seu filho ilegítimo e agressor, Israel, as mãos dos combatentes do Islã foram liberadas para agir contra seus interesses militares. Nunca recuaremos”, declarou Mousavi.

Estreito de Hormuz

Há ainda discussões internas sobre medidas mais drásticas, como o fechamento do estratégico Estreito de Hormuz, por onde passa cerca de um quinto do petróleo comercializado no mundo, e a possível saída do Irã do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o que representaria um colapso na arquitetura global de controle nuclear.

De acordo com o professor Mehran Kamrava, da Universidade Georgetown no Catar, Teerã se vê compelido a responder militarmente, mas tenta calibrar suas ações para não transformar o conflito em uma guerra total contra os EUA. “O Irã tem se mostrado relutante em expandir o conflito além de Israel. Mesmo no caso de Israel, suas ações têm sido reativas e não ofensivas”, analisou.

Temor de guerra total

O clima de tensão já afeta outros países da região. A embaixada dos EUA no Catar recomendou que cidadãos americanos se abriguem e evitem deslocamentos, citando “abundância de cautela”. O país abriga a base aérea de Al Udeid, que serve como quartel-general avançado do Comando Central dos EUA (CENTCOM) e abriga cerca de 10 mil militares americanos, um dos alvos prováveis de uma eventual retaliação iraniana.

Saeed Khatibzadeh, vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou em entrevista à Al Jazeera que o país está disposto a ir até as últimas consequências. “Estamos determinados a resistir e responder aos ataques injustos e não provocados. Lutamos oito anos contra o Iraque. Estamos prontos para ir até o fim novamente”, declarou.

Especialistas alertam que o risco de um ponto sem retorno é real. As possibilidades de uma saída diplomática estão cada vez menores, enquanto Israel e EUA parecem apostar em pressionar Teerã até a submissão, algo que historicamente o Irã tem resistido fortemente como Estado e também como povo.

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