COVID-19: Trabalhadores da construção civil fazem parte do grupo prioritário para vacinação, mas não há vacina

Para a sindicalista Dulcilene Morais, “se o governo federal tivesse feito sua parte na compra de vacinas, centenas de mortes na categoria teriam sido evitadas”.

Escrito por: Redação CONTICOM

De acordo com atualizações feitas no início de 2021 no PNI (Plano Nacional de Imunização contra a COVID-19), cerca de 5,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em setores específicos, dentre eles, o da construção civil, terão prioridade na vacinação. Contudo, a falta de vacinas, consequência da má gestão e falta de planejamento do governo federal frente o combate à pandemia, tem dificultado a execução dessas prioridades.

Em Pernambuco, o Sindicato Marreta implementou uma luta pela vacinação prioritária dos trabalhadores da construção civil. Para o presidente do Sindicato, Reginaldo Ribeiro, a retomada do desenvolvimento econômico e geração de empregos passa pelo setor. “O Estado precisa garantir a vacinação para que obras de infraestrutura e manutenção, muitas delas relacionadas ao desenvolvimento econômico, não sejam paralisadas. Além disso, o setor da Construção Civil é um dos que mais geram empregos, fator elementar para a retomada da economia”, argumentou Ribeiro.

Atualmente, na maioria dos Estados, apenas grupos prioritários relacionados à comorbidades estão sendo vacinados, além da sequência original de acordo com a idade.

“Caso o governo tivesse sido competente, certamente a realidade seria outra e teríamos evitado centenas de mortes de trabalhadores do setor da Construção Civil em todo o país”, avaliou Dulcilene Morais, dirigente da CONTICOM.

 

Situação é crítica

Em algumas cidades, o frequente aumento de casos de COVID-19 fez com que  o mês de junho fosse iniciado com look down. É o caso de Dourados (MT) onde as obras estão paralisadas por força de decreto. Por lá, o SINTICOM tem fiscalizado e tentado garantir que as empresas cumpram o Decreto e preservem a saúde e a vida dos trabalhadores/as do setor. “Estamos recebendo muitas denúncias sobre o funcionamento ilegal de canteiros e isso demonstra total descaso de parcela dos empresários frente ao papel social de combate à pandemia”, relatou Aline Ferle, presidenta da entidade.

 

Impactos da COVID-19 no setor da construção civil

Em  Pernambuco, uma pesquisa divulgada pela Federação Estadual das Indústrias (FIEPE) sobre os impactos da COVID-19 no setor da Construção, aponta que entre 16 e 21 de maio, foram 318 novos casos dentre trabalhadores de 58 empresas pesquisadas. A pesquisa, que é realizada semanalmente,  aponta 12 mortes acumuladas desde seu lançamento, contudo os números podem ser ainda piores. “A pesquisa da FIEPE tem uma abrangência pequena. Embora seja importante para termos uma ideia sobre o aumento ou diminuição de casos em determinados períodos, a realidade pode ser muito pior no contexto global do setor da construção civil em todo o Estado”, apontou Dulcilene, que faz parte da direção do Sindicato Marreta, entidade que representa os trabalhadores do setor em Pernambuco.

 

Sindicatos fazem a diferença

Neste cenário, além de garantir direitos, os sindicatos são fundamentais no processo de fiscalização sobre as medidas preventivas.

“Embora a pesquisa da FIESPE aponte índices muito positivos sobre implementação de medidas efetivas de proteção contra a COVID-19 nos locais de trabalho, percebemos que há um distanciamento entre os resultados divulgados e a realidade em muitas obras. Se não é o Sindicato, ações simples como distanciamento em refeitórios, pontos de higienização com água e sabão ou álcool gel e fornecimento de máscaras, por exemplo, seriam ignoradas por muitas empresas. A fiscalização e a negociação coletiva são ferramentas fundamentais nesta luta”, destacou a sindicalista.

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