Pelo menos três professores se recusaram a assumir a direção de escolas municipais de São Paulo, após o afastamento de seus respectivos diretores pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), ocorrido na última sexta-feira (23). A decisão, tomada pela Secretaria Municipal de Educação, envolveu a remoção de 25 diretores de escolas com baixo desempenho em avaliações externas, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Leia mais em TVT News.
Os diretores afastados foram convocados para um programa de requalificação até o final do ano letivo, permanecendo temporariamente afastados de suas funções. Para ocupar esses cargos, a prefeitura designou assistentes de direção indicados pelas Diretorias Regionais de Ensino. No entanto, três desses profissionais já informaram que não aceitarão a nomeação.

Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil
Os servidores — a maioria deles professores de carreira — foram comunicados na quinta-feira (22) sobre a realocação para o cargo de assistente de direção, mas não estavam cientes de que precisariam substituir os diretores efetivos. A Secretaria de Educação afirmou que novos profissionais serão indicados para as vagas que foram recusadas.
Protestos e críticas à medida
A decisão gerou uma série de protestos e críticas por parte de estudantes, familiares, professores e sindicatos. Na segunda-feira (26), ocorreram manifestações na Emef Espaço de Bitita, na zona norte, e na Emef Ibrahim Nobre, na zona oeste da cidade.
A Congregação da Faculdade de Educação da USP também se posicionou contra a medida, por meio de uma moção de repúdio, destacando que várias das escolas afetadas participam de projetos de formação em parceria com a universidade. O documento classificou a decisão como “inadmissível” e afirmou que a instituição irá acompanhar o caso, buscando reverter os afastamentos.
O Ministério Público cobrou esclarecimentos da Secretaria de Educação, exigindo que, em um prazo de cinco dias, sejam apresentados os motivos dos afastamentos e se os diretores tiveram direito de defesa. Além disso, a deputada estadual Andrea Werner (PSB) questionou os critérios utilizados para a seleção, argumentando que avaliações baseadas unicamente em indicadores numéricos podem desconsiderar avanços qualitativos, especialmente em escolas que atendem alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica ou com deficiência.
Resposta da Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que a ação é inédita na rede de ensino e que os diretores afastados estão há pelo menos quatro anos nas unidades selecionadas, com base em indicadores como o Ideb e o Idep (índice municipal). A pasta também destacou que o programa de capacitação inclui experiências em outras escolas e que os salários dos diretores serão mantidos durante o período de afastamento.
Além disso, a gestão reforçou que as escolas receberão um apoio adicional na equipe gestora, com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e o aprendizado dos estudantes.