sexta-feira , 9 de maio 2025

Última publicação do papa Leão XIV no “X” alfineta Trump defende imigrantes

Novo Pontífice, americano, criticou ações de líderes de seu país antes do Conclave

Em sua última postagem antes de ser eleito papa, em 14 de abril, Robert Francis Prevost, novo líder da Igreja eleito pelo conclave, comentou uma reunião entre Donald Trump e Nayib Bukele, presidentes dos EUA e de El Salvador. Saiba mais em TVT News.

A publicação repostada por ele destacava o caso de Kilmar Abrego Garcia, um imigrante salvadorenho que viveu nos Estados Unidos por 14 anos, onde construiu uma família e cuidava de três filhos com deficiência. Abrego foi deportado pela administração Trump, acusado de ser membro da gangue MS-13 — uma alegação que ele nega e da qual nunca foi formalmente acusado.

Apesar da Suprema Corte dos EUA ter ordenado seu retorno, o processo foi bloqueado por entraves diplomáticos entre a Casa Branca e o governo de El Salvador. O tuíte compartilhado pelo novo pontífice, que é norte-americano, critica a decisão do presidente dos Estados Unidos.

“Enquanto Trump e Bukele usam o Salão Oval para a deportação ilícita de um residente dos EUA pelos federais, o agora auxiliar de Washington, +Evelio, que já foi um salvadorenho sem documentos, pergunta: “Vocês não veem o sofrimento? A consciência de vocês não se incomoda? Como podem ficar em silêncio?”, diz o post.

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Última manifestação de Leão XIV nas redes sociais. Reprodução: Redes Sociais

Em um post mais antiga, Prevost compartilhou um artigo intitulado: “Por que a retórica anti-imigrantes de Trump é tão problemática?”.

Quem é Robert Francis Prevost, o novo Papa Leão XIV?

Nascido em Chicago em 1955 e ordenado sacerdote na Ordem de Santo Agostinho, Prevost atuou como missionário no Peru nos anos 1980. Lá, ganhou fluência em espanhol e compreensão das tensões sociais e religiosas que marcam a América Latina, onde a fé se entrelaça com pobreza, injustiça e espiritualidade popular.

Foi essa vivência que lhe valeu o apelido de “pastor de duas pátrias”. Ainda que nascido no coração dos EUA, Prevost sempre manteve um olhar para o Sul Global. Como bispo de Chiclayo, destacou-se pelo contato direto com comunidades marginalizadas e por uma abordagem pastoral marcada pela escuta.

Desde 2023, Prevost ocupava o estratégico cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão responsável por avaliar e nomear novos bispos no mundo inteiro. Foi um dos papéis mais influentes sob o pontificado de Francisco, e lhe proporcionou conhecimento profundo da maquinaria vaticana, além de dar visibilidade internacional à sua liderança.

Apesar disso, sua atuação nesse posto também gerou críticas. Em particular, sua participação em processos de investigação de abuso clerical foi vista como tecnicamente correta, mas pouco transparente ou sensível às vítimas. Esse aspecto deve ser observado com atenção por movimentos que exigem mais responsabilidade institucional da Igreja.

Apesar de ser considerado mais progressista dentro do espectro norte-americano do episcopado católico, Prevost mantém posições conservadoras em diversas áreas sensíveis.

Em 2012, Prevost lamentou publicamente o que chamou de “banalização cultural” da homossexualidade, criticando “estilos de vida alternativos” e os modelos de “família não tradicionais”. Embora não adote o tom agressivo de setores mais reacionários, suas declarações e atitudes foram interpretadas como pouco acolhedoras por grupos católicos LGBTQIA+ e por teólogos que defendem maior inclusão.

Na prática, ele tem se mostrado alinhado com a postura tradicional da Igreja: acolher as pessoas, mas rejeitar condutas consideradas “incompatíveis” com a doutrina. A depender de como será seu discurso como papa, Leão XIV pode ampliar ou limitar o espaço de acolhimento pastoral aberto por Francisco.

Sobre o aborto, Prevost é um defensor da linha ortodoxa tradicional, contrário a qualquer flexibilização. Como prefeito do Dicastério, incentivou a nomeação de bispos que compartilham da defesa intransigente da vida “desde a concepção até a morte natural”. Essa postura deve se manter inalterada sob seu pontificado.

Aqui, no entanto, reside uma de suas posturas mais sensíveis e engajadas. Sua experiência com comunidades migrantes na América Latina moldou um olhar pastoral empático. Prevost defendeu, inclusive nos EUA, o acolhimento de migrantes, a crítica à criminalização da imigração e a necessidade de estruturas sociais e políticas mais humanas. Essa postura alinha-se diretamente com o legado de Francisco e pode ganhar mais centralidade sob Leão XIV.

Como primeiro papa norte-americano da história, Leão XIV carrega sobre os ombros uma ambivalência geopolítica. A tradição do Vaticano sempre evitou papas dos EUA para não associar a Igreja à superpotência global. Sua eleição rompe essa cautela histórica — e será observado com atenção redobrada, especialmente em temas como política externa, economia global e conflitos culturais.

Além disso, terá de lidar com uma Igreja polarizada, entre vozes que exigem reformas estruturais (inclusão de mulheres, revisão do celibato, maior sinodalidade) e forças conservadoras que querem restaurar uma autoridade doutrinária rígida.

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