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Veja a curadoria da TVT News que reúne clássicos e lançamentos de diferentes vozes literárias para inspirar reflexões e ampliar horizontes
A literatura é um espelho que nos convida a refletir sobre o nosso tempo. E se 2026 for o ano em que você volta a ler mais? Na seleção de 26 livros para ler em 2026, a TVT News traz um diálogo vibrante entre vozes que moldaram nossa identidade e autores que estão, agora mesmo, escrevendo novos capítulos da nossa história.
Nesta curadoria, o leitor encontrará o equilíbrio perfeito entre a expectativa e a memória. De um lado, o impacto de lançamentos mundiais, como o novo romance de Chimamanda Ngozi Adichie, e o brasileiro Itamar Vieira Junior que continua sendo uma das vozes mais potentes do nosso país. De outro, o prestígio dos novos imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Gonçalves e Milton Hatoum; além de Ailton Krenak, que nos lembra que a literatura é também uma ferramenta para adiar o fim do mundo.
Ler em 2026 será ainda um exercício de celebração. É o ano de revisitar a mística de Clarice Lispector, que completou seu 105º em dezembro, e de encontrar consolo na poesia de Adélia Prado, agora coroada com o Prêmio Camões. Dos conflitos geopolíticos traduzidos por Jamil Chade à introspecção reveladora do Livro do Desassossego, esta lista atravessa fronteiras geográficas e emocionais.
Seja você um leitor em busca de desafios intelectuais, como a densidade do novo Nobel de Literatura, László Krasznahorkai, ou alguém que procura entender mais sobre política em seus mais diversos âmbitos, os próximos doze meses podem ser um banquete convidativo de ideias.
26 livros para ler em 2026

Pedro Páramo, de Juan Rulfo
Publicado em 1955, Pedro Páramo é um dos romances mais influentes do século 20 e pedra fundamental do realismo mágico latino-americano. Juan Rulfo constrói uma narrativa fragmentada em que vivos e mortos se confundem, revelando um México marcado pela violência, pelo patriarcado e pela solidão. A obra foi decisiva para autores como Gabriel García Márquez, que afirmou não ter conseguido escrever Cem Anos de Solidão antes de ler Rulfo.
Suíte Tóquio, de Giovana Madalosso
Com prosa precisa e contemporânea, Giovana Madalosso explora a vida urbana, os afetos frágeis e os deslocamentos emocionais de personagens que transitam entre países, culturas e desejos. A autora, uma das vozes mais relevantes da nova ficção brasileira, constrói narrativas que dialogam com temas como globalização, solidão e identidade feminina no século 21. O livro entrou na lista das 100 melhores obras do New York Times em 2025.
Coisa de rico, de Michel Alcoforado
Resultado de anos de pesquisa antropológica, o livro analisa os códigos culturais das elites brasileiras e internacionais. Michel Alcoforado traduz conceitos acadêmicos complexos em linguagem acessível, revelando como práticas cotidianas, do consumo à estética,ajudam a manter desigualdades e a reforçar distinções sociais.

A contagem dos sonhos, de Chimamanda Ngozi Adichie
Após o sucesso mundial de Americanah, Chimamanda retorna ao romance com uma obra que acompanha mulheres cujas trajetórias atravessam continentes, afetos e conflitos, em uma reflexão profunda sobre pertencimento, feminismo, raça e as marcas da migração. A autora, uma das intelectuais mais influentes da atualidade, reforça seu papel no debate global sobre feminismo e pós-colonialismo, combinando força política e sensibilidade narrativa.
A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector
Em homenagem aos 105 anos de Lispector, recomendamos um dos livros mais desafiadores da literatura brasileira, que narra uma experiência radical de autoconhecimento. A partir de um acontecimento aparentemente banal, Clarice mergulha em questões existenciais sobre identidade, linguagem e o sentido de ser. A obra consolidou a autora como referência mundial da literatura existencial e introspectiva.
Tomara que você seja deportado, de Jamil Chade
Fruto da atuação de Jamil Chade como correspondente internacional, o livro reúne denúncias e análises sobre direitos humanos, diplomacia e autoritarismo. Reconhecido por reportagens premiadas, o autor revela os bastidores de organismos internacionais e expõe como discursos oficiais escondem práticas de exclusão e violência.

Bagagem, de Adélia Prado
Publicado com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, o livro marcou a estreia tardia e fulminante de Adélia Prado. Seus poemas revolucionaram a poesia brasileira ao unir religiosidade, erotismo e cotidiano com linguagem simples e profunda, inaugurando uma voz feminina singular e incontornável. A autora recebeu o Prêmio Camões em 2025.
Conversa no Catedral, de Mario Vargas Llosa
Obra-prima do escritor peruano e Nobel de Literatura que nos deixou aos 89 anos, o romance disseca a sociedade peruana sob a ditadura de Odría. A partir de diálogos fragmentados, Vargas Llosa investiga corrupção, frustração e perda de esperança, questionando quando e como um país se deixou corromper. O livro é frequentemente citado como um dos maiores romances políticos da literatura latino-americana.
Te dou minha palavra, de Noemi Jaffe
Conhecida por trabalhos que dialogam com memória, trauma e herança cultural, Noemi Jaffe constrói uma obra que reflete sobre o peso das palavras e os silêncios que atravessam relações familiares. Lançamento, o livro marca sua trajetória como uma das autoras mais refinadas da literatura brasileira contemporânea.

Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves
Publicado em 2006, o romance tornou-se um marco da literatura afro-brasileira. Com pesquisa histórica rigorosa e narrativa envolvente, Ana Maria Gonçalves, que se tornou a primeira mulher negra imortal da ABL, reconstrói a história do Brasil a partir da experiência de uma mulher negra escravizada, influenciando debates sobre identidade, memória e reparação histórica.
Comédias da vida privada: antologia, de Luis Fernando Verissimo
Essa coletânea reúne crônicas que consagraram Verissimo como um dos maiores cronistas do país. Com humor afiado e observação precisa, o autor transforma situações banais em comentários sofisticados sobre comportamento, política e relações humanas. O autor faleceu em agosto, aos 88 anos.
Sitiados: a saga do Congresso de Ibiúna em 1968, de Jason Tércio
O livro narra o Congresso clandestino da UNE realizado em Ibiúna, em 1968, que terminou na maior prisão em massa da história do Brasil durante a ditadura militar. Com base em documentos e depoimentos, o jornalista Jason Tércio reconstrói os bastidores do movimento estudantil e transforma o episódio em um retrato contundente da repressão e da resistência democrática às vésperas do AI-5.

A filha perdida, de Elena Ferrante
Romance intenso sobre maternidade, culpa e autonomia feminina que antecede a famosa tetralogia napolitana. Ferrante constrói uma narrativa inquietante ao acompanhar uma mulher que confronta escolhas do passado e os limites entre amor, abandono e liberdade. A autora, conhecida por seu anonimato, tornou-se um fenômeno editorial e crítico mundial.
Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles
Marco da poesia brasileira ao transformar a Inconfidência Mineira em matéria lírica e reflexão histórica, Cecília Meireles recria o episódio colonial com rigor poético, dando voz tanto aos inconfidentes quanto às figuras anônimas silenciadas pelo poder. A obra ultrapassa o registro histórico para discutir temas universais como liberdade, opressão, justiça e memória, reafirmando o papel da literatura na construção da identidade nacional.
Sátántangó, de László Krasznahorkai
Com narrativa densa e hipnótica, o romance retrata uma comunidade em ruínas, presa a ciclos de ilusão e decadência. Uma obra exigente, marcada por longos parágrafos e reflexão profunda sobre tempo, esperança e desintegração social. Sua prosa hipnótica influenciou o cinema de Béla Tarr e lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Nego tudo: ficções súbitas, de Andréa del Fuego
A coletânea apresenta narrativas curtas e incisivas que exploram o desconforto, o desejo e a violência simbólica. Andréa del Fuego, vencedora do Prêmio José Saramago, provoca e desconstrói expectativas do leitor, desafiando certezas e revelando o estranho escondido no comum.
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago
Ao recontar a história de Jesus sob uma perspectiva humana e crítica, o autor questiona dogmas religiosos e a relação entre Deus, poder e sofrimento. Com sua prosa marcada por longos períodos e ironia filosófica, Saramago propõe uma reflexão profunda sobre culpa, destino e livre-arbítrio. O livro provocou intenso debate público, foi alvo de censura em Portugal e consolidou o escritor como uma das vozes mais ousadas da literatura mundial, contribuindo para sua projeção internacional antes da conquista do Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Coração sem medo, de Itamar Vieira Junior
Após o sucesso de Torto Arado, Itamar aprofunda temas como ancestralidade, afeto e desigualdade social. Com prosa sensível, Itamar constrói personagens atravessados por memória, pertencimento e resistência em uma escrita lírica e comprometida.

Ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim, de Ruy Castro
Ruy Castro presta uma homenagem detalhada a Tom Jobim, revelando histórias, bastidores e curiosidades sobre o compositor. Um retrato afetuoso de um dos maiores nomes da música brasileira. A obra foi eleita Livro do Ano no Prêmio Jabuti 2025.
Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, de Maya Angelou
Em sua autobiografia, Maya Angelou narra sua infância e juventude em meio ao racismo e à violência. O livro transforma dor e resistência em um símbolo de luta, voz e emancipação.
Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum
Romance de estreia de Hatoum, a obra aborda memória, imigração e identidade a partir de uma família de origem libanesa na Amazônia. Uma narrativa delicada sobre pertencimento e silêncio. Milton se tornou imortal da ABL em 2025.
Explosão Feminista, de Heloisa Teixeira
A autora, que faleceu em março, analisa as transformações recentes do feminismo, conectando ativismo, cultura digital e disputas políticas. O livro é referência para compreender os novos rumos do movimento no Brasil.

A palavra que resta, de Stênio Gardel
O romance aborda afetos silenciados e repressões no interior do país, acompanhando um homem que revisita o passado para compreender um amor que não pôde viver. Com delicadeza e força, Stênio Gardel debate sobre identidade e diversidade na literatura brasileira.
O Tempo e o Vento: O Continente, de Érico Veríssimo
Para relembrar os 50 anos sem Veríssimo, o primeiro volume da trilogia que narra a formação do Rio Grande do Sul. No livro, o pai de Luis Fernando Verissimo acompanha gerações de famílias, mesclando história, política e drama humano em uma saga épica.
Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak
Resultado de palestras e reflexões, o livro é leitura fundamental para debater meio ambiente. Krenak, imortal da ABL, propõe uma revisão profunda da relação entre humanidade e natureza em textos curtos e provocativos que questionam o modelo de civilização ocidental e propõe novas formas de relação com a natureza.
Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
Fragmentado e introspectivo, o livro reúne reflexões sobre tédio, identidade e existência. Escrita sob um dos heterônimos de Pessoa, cuja morte completou 120 anos, a obra é um mergulho profundo na inquietação do mundo moderno.


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