Evento ocorre neste sábado em São Bernardo do Campo e reúne alunos em preparação para…

Dom Helder Camara é tema de evento na PUC-SP
No dia 21 de outubro, o grupo de pesquisa Religião e Política no Brasil Contemporâneo da PUC-SP faz debate sobre Dom Helder
Dom Helder Pessoa Camara foi uma das figuras mais marcantes da Igreja Católica e da história política e social do Brasil no século XX. A trajetória do “Irmão dos Pobres”, como era conhecido o arcebispo de Olinda e Recife será tema de grupo de estudos da PUC-SP. Leia em TVT News.
Trajetória de Dom Helder Camara será debatida na PUC-SP
No dia 21 de outubro, a partir das 8 horas, o grupo de pesquisa Religião e Política no Brasil Contemporâneo da PUC-SP/CNPq realiza a V Jornada de Estudos 2025 com o tema “Helder, o dom – Recepção do Vaticano II no Brasil, avanços e resistências”, no campus Ipiranga da PUC-SP.
A conferência de abertura será sobre “A atuação de Dom Helder no Concílio”, com o Prof. Dr. José Oscar Beozzo; seguida de mesa redonda com os temas “Dom Helder e as Mulheres”, com a Profa. Dra. Ivone Gebara, “Dom Helder, Dom Evaristo e Vladimir Herzog”, com Maria Ângela Borsói, e “Dom Helder e a ditadura militar”, com o Prof. Dr. Martinho Condini.
Às 14h, a conferência de encerramento “Dom Helder e a recepção Conciliar na Igreja do Brasil” será ministrada pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer.
Para participar do evento basta se inscrever gratuitamente neste link
Quem foi Dom Helder Câmara
Dom Helder Pessoa Câmara, nascido em Fortaleza, Ceará, em 7 de fevereiro de 1909, e falecido em Recife, Pernambuco, em 27 de agosto de 1999, aos 90 anos, foi uma das figuras mais importante da Igreja Católica no Brasil e no mundo no século XX. Sua vida foi inteiramente dedicada à fé, aos mais pobres, à defesa intransigente dos Direitos Humanos e à construção de uma Igreja mais simples, alinhada com as necessidades e sofrimentos do povo.
Conhecido internacionalmente como o “Bispo Vermelho” ou “Irmão dos Pobres”, Dom Helder foi arcebispo de Olinda e Recife por 21 anos (1964 a 1985), período que coincidiu com os anos mais duros da ditadura militar no Brasil. Sua atuação não se restringiu à arquidiocese: ele foi um dos principais articuladores e fundadores de instituições de relevância continental e nacional.
Em 1952, foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da qual foi secretário-geral por 12 anos. Em 1955, participou também da fundação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Essas ações mostram seu profundo compromisso com a organização e renovação da Igreja.
Sua pregação se baseava na não-violência ativa e no evangelho levado a sério em seu compromisso com a justiça social. A célebre frase: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista“, resume o dilema e a natureza de sua missão pastoral e política.
Dom Helder e a Teologia da Libertação
Embora não tenha sido o formulador teórico da Teologia da Libertação, Dom Helder foi um de seus principais inspiradores. Essa corrente teológica surgiu na América Latina como resposta às injustiças sociais e defendia que a fé cristã deveria se traduzir em ação concreta em favor dos oprimidos.
Em Recife, Dom Helder criou projetos voltados à alfabetização, à moradia e à organização comunitária. Encorajou padres e leigos a atuarem junto aos trabalhadores e camponeses, fortalecendo a ideia de uma Igreja comprometida com os mais pobres.
Suas homilias denunciavam as causas estruturais da pobreza e defendiam que a caridade precisava caminhar junto à justiça. Esse posicionamento o colocou em confronto com setores conservadores da Igreja e com o regime militar, mas o transformou em uma referência mundial na defesa dos direitos humanos.
Dom Helder e a resistência à Ditadura Militar
Com o golpe de 1964, Dom Helder tornou-se uma das vozes mais firmes contra o autoritarismo. Suas críticas à repressão, à tortura e à concentração de renda o tornaram alvo da censura. A partir de 1968, suas falas foram proibidas pela imprensa brasileira.
Mesmo sob vigilância e ameaças, continuou denunciando as violações de direitos humanos e viajando pelo exterior para relatar os abusos cometidos no Brasil. Em 1969, o assassinato do padre Antônio Henrique, seu colaborador, evidenciou o risco que corria quem se opunha à ditadura.
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