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“Taxa Odete”. Centrão e bolsonaristas tentam prejudicar isenção do IR
Centrão e bolsonaristas atuam para preservar privilégios dos mais ricos. Base do governo alerta pela necessidade da “Taxa Odete”. Entenda
A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (1º) o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas com renda de até R$ 5 mil mensais. A proposta, uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), beneficia diretamente mais de 20 milhões de brasileiros e representa um marco simbólico na busca por justiça tributária. Entenda na TVT News.
No entanto, o avanço da proposta tem sido marcado por intensa disputa nos bastidores e alerta para manobras do Centrão e da base bolsonarista, que atuam para preservar privilégios do topo da pirâmide social. O projeto, relatado por Arthur Lira (PP-AL), também presidente da Câmara, prevê compensação da perda de arrecadação com a taxação de lucros e dividendos de quem ganha mais de R$ 1 milhão ao ano, grupo que hoje é isento.
“Hoje quem ganha até 5 mil reais paga 4.300 reais por ano de imposto de renda. Vai pagar zero. Na prática, esse projeto acaba com imposto de renda para 90% da população. E como faz para compensar isso? Fazendo uma minoria, menos de 1%, que ganha mais de 1 milhão por ano, pagar 10% sobre seus lucros e dividendos, porque hoje não pagam nada. Simples assim: zero para 90% e faz com que uma minoria de privilegiados pague mais”, explicou o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), um dos principais defensores do texto original enviado pelo governo em março.
A “Taxa Odete” e o golpe no andar de cima
Nas redes sociais, Boulos popularizou o apelido “Taxa Odete” para se referir ao imposto sobre grandes rendas, numa referência à vilã da novela Vale Tudo, Odete Roitman, interpretada por Débora Bloch na nova versão do folhetim da TV Globo. Ele comparou a personagem à elite econômica brasileira, que estaria “esperneando” diante da possibilidade de contribuir mais para o sistema tributário.
“O que muda na vida desses dois se o projeto do governo que está no Congresso for aprovado? O Jarbas [motorista de aplicativo na novela] e todo trabalhador que ganha até 5 mil reais fica isento do imposto de renda. Já a Odete passa a pagar 10% sobre sua fortuna. E você sabe quem está surtando com essa proposta, né? Pra fazer justiça, precisamos pressionar o Congresso. Tá na hora das Odetes pagarem a parte delas e deixarem o Jarbas respirar”, diz o vídeo divulgado por Boulos, que alerta ainda para uma tentativa de desidratação do projeto: “O golpe que eles estão tramando é mexer no andar de cima no sentido de tirá-los (os ricos) da taxação”.
Taxação de Odete Roitman já! IR Zero para Jarbas. pic.twitter.com/AtreRcNLgj
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) September 30, 2025
Resistência no Congresso e pressão popular
Desde que chegou ao Congresso, o projeto vem sendo alvo de pressões por parte da elite econômica e de seus representantes parlamentares. Para ser viável financeiramente, a proposta precisa garantir a arrecadação perdida com a isenção dos mais pobres. A estimativa da equipe econômica é de que a medida gere renúncia fiscal de até R$ 25 bilhões ao ano. A solução proposta pelo governo: tributar lucros e dividendos que hoje escapam do fisco, especialmente de empresários e investidores com altas rendas.
Entretanto, movimentos populares e organizações da sociedade civil alertam que a taxação dos super-ricos pode ser retirada do texto em nome de um suposto “acordo” que deixaria a medida sem compensação, o que inviabilizaria sua execução ou forçaria cortes em outras áreas. Na véspera da votação, faixas foram estendidas no gramado do Congresso com os dizeres “Justiça tributária já!” e “Chega de anistiar milionários”.
Mobilização nacional
Organizações como CUT, MST, CONTEE, INESC, Coletivo Alvorada, Sindfisco Nacional e outras lideraram a mobilização popular nesta terça-feira (30). O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região lançou um simulador online que permite a qualquer trabalhador calcular a economia que terá caso o projeto seja aprovado. A ferramenta foi criada para informar e impulsionar a mobilização.
“Essa proposta é fruto da luta da classe trabalhadora por mais justiça tributária. O simulador é uma ferramenta para mostrar, de forma clara, o quanto cada trabalhador pode ganhar com a mudança. Agora, precisamos reforçar a mobilização para que o Congresso ouça a sociedade”, afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato.
Trâmite legislativo
A proposta de isenção tem duas frentes. Uma é o Projeto de Lei 1087/2025, já aprovado pelo Senado. Também tramita outro projeto similar, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AC), com previsão de votação no plenário da Câmara nesta quarta-feira. O texto propõe isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais (R$ 60 mil por ano) e descontos progressivos para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350. Se aprovado sem alterações, seguirá para sanção presidencial. Mudanças e emendas podem atrasar o projeto e repetir tramitação no Senado.
O que está em jogo com a isenção do IR
O que propõe o PL 1087/2025:
- Isenção do IR para salários até R$ 5 mil mensais
- Redução gradual do imposto para quem ganha até R$ 7.350
- Compensação fiscal por meio de taxação de lucros e dividendos de super-ricos (10% para rendas acima de R$ 1 milhão/ano)
Por que há resistência?
- O projeto depende da taxação dos mais ricos para ser sustentável
- Centrão e base bolsonarista pressionam para desidratar o texto e manter isenção dos grandes rendimentos
Quem apoia a proposta:
- Governo Federal
- Organizações da sociedade civil (CUT, MST, INESC, Nossas, Sindfisco Nacional etc.)
- Parlamentares da oposição de esquerda e setores progressistas
Quem pode perder com a aprovação:
- Investidores e empresários com rendimentos milionários que hoje não pagam imposto sobre lucros e dividendos
Se aprovada sem alterações, a medida entra em vigor em janeiro de 2026 e pode inaugurar uma nova fase da política fiscal brasileira, focada na redistribuição de renda e na redução das desigualdades.
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