O grande vencedor do Festival Folclórico de Parintins 2025 é o Boi Garantido, que conquista seu 33º título sob o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”. O Garantido não ocupava o primeiro lugar desde 2019. Saiba mais na TVT News.
O enredo que coroou o Garantido na 58º edição da tradicional festa, exaltou a origem popular do Parintins e a forte ligação do boi com a torcida, trazendo os subtemas “Terra Brasileira” e “Boi do Brasil”.
“A vitória não é só do Garantido. Ele é o campeão pelo o que ele fez, o Garantido mudou a dinâmica do espetáculo”, comemorou Fred Góes, presidente do Boi Garantido.
História do Boi Garantido
No início do século XX, nas terras ribeirinhas da Baixa da Xanda, em Parintins, uma história de fé e tradição começou a se desenhar.
Era 1913, quando Lindolfo Monteverde, filho de assorianos, ficou doente. Desesperado, apelou para São João Batista com uma promessa. Se ficasse bom, construiria um boi que sairia todos os anos no mês de junho, em homenagem ao santo. A cura veio, e essa é a origem do Boi Garantido, também conhecido como o Boi da Promessa.
A escolha do nome Garantido tem origem peculiar. Antigamente, o festival não era apresentado no bombódromo, mas sim pelas ruas e calçadas de Parintins, alegrando as famílias da cidade de porta em porta. Nas disputas, os bois brincavam, mas também se confrontavam com desafios e brigas inevitáveis. Quando se encontravam, ninguém queria ceder. Um encontro com um boi contrário significava briga certa. Como a cabeça do boi branco e vermelho raramente voltava quebrada ou riscada, Monte Verde dizia que o seu boi era garantido nos combates com outros bois da época.
Em 1988, ano de inauguração do atual bombódromo, o Garantido venceu o primeiro festival. A grande inovação e destaque daquele ano foi a toada a Mãe Catirina. A toada causou tanto alvoroço na arquibancada vermelha do bombódromo que os engenheiros da arena deixaram a ilha de manhã, no segundo dia de festival, temendo que a estrutura desabasse. A suspeita se confirmou. Parafusos foram encontrados soltos nos corredores sobre a arquibancada após o festival.
A era de ouro do Garantido veio com a conquista do único penta campeonato da história do festival folclórico até hoje, sagrando-se campeão de 1980 a 1984. Hoje, quando milhares de pessoas se reúnem no bombódromo de Parintins para assistir ao espetáculo do Garantido testemunham mais que uma apresentação artística. É a continuidade de uma promessa sagrada que um homem simples fez ao santo de devoção. É assim que a história se repetua por meio da fé, da arte e do compromisso com as raízes.
Presidente do Caprichoso deixa apuração
Durante a apuração do resultado do Festival de Parintins, o presidente do Boi Caprichoso, Rossy Amoedo, se retirou da sala localizada no Bumbódromo, por não concordar com as notas dadas pelos jurados. A diretoria do Caprichoso também se ausentou.
“Não tem respeito. É ridículo isso. Tanto esforço, tanto investimento, dedicação, para chegar aqui e ser metralhado por esses caras. Nós acusamos esses caras para a comissão, que eles iam fazer isso”, protestou Rossy ao presidente da comissão julgadora, João Lisboa.
Apesar do conflito, a apuração continuou após o ocorrido e premiou o adversário.
Como funciona o Festival de Parintins
Cada boi tem de duas horas a duas horas e meia para desfilar sua “ópera a céu aberto”. O espetáculo tem alegorias gigantes que se movimentam, centenas de dançarinos, figurinos singulares e toadas vibrantes que embalam a plateia. A morte e ressurreição do boi, rituais indígenas e lendas amazônicas são encenados com uma grande emoção que hipnotiza os jurados e a “galera”, como é chamado o público que acompanha o festival.
Os jurados avaliaram 21 itens agrupados em três blocos, que vão desde a evolução do boi às performances dos personagens individuais. Sendo eles:
- Apresentador: Anfitrião, Mestre de Cerimônia, Porta-voz do espetáculo que leva ao conhecimento do espectador a apresentação dos itens disputantes;
- Levantador de toadas: Intérprete (cantor) musical da trilha sonora do espetáculo;
- Batucada ou marujada: Conjunto de brincantes que fazem o acompanhamento percussivo das toadas, sendo base para o espetáculo;
- Ritual indígena: Representação artística de uma celebração ou rito indígena, fundamentado em consonância ao espetáculo do Boi-Bumbá;
- Porta-estandarte: Brincante que conduz o estandarte símbolo do Boi-Bumbá;
- Amo do boi: Brincante que representa o dono da fazenda que entoa versos dentro dos fundamentos do espetáculo;
- Sinhazinha da fazenda: Brincante que representa a filha do dono da fazenda no Auto tradicional do Boi-Bumbá;
- Rainha do folclore: Brincante que representa a diversidade das manifestações da cultura popular brasileira;
- Cunhã-poranga: Mulher bonita em Nheengatu, brincante que representa os povos indígenas;
- Boi-Bumbá (evolução): Boi escultórico articulado que é o símbolo maior da manifestação popular de da cidade, manipulado por brincantes denominados “tripa do boi”;
- Toada (letra e música): Gênero musical popular do Boi de Parintins, suporte lítero-musical do festival;
- Pajé: Personagem arquétipo do curandeiro, xamã, sacerdote indígena considerando a referência sagrada, mística e mitológica dos povos indígenas;
- Povos indígenas: Brincantes que representam os grupos étnicos que compõe os povos indígenas da Amazônia e/ou do território brasileiro, dentro do contexto do espetáculo do Boi- Bumbá;
- Tuxauas: Brincantes que representam os chefes dos povos indígenas por meio de indumentárias que simbolizam o cocar alegórico;
- Figura típica regional: Estrutura artística alegórica e cênica que representa a identidade regional do amazônida em sua diversidade;
- Alegorias: Estruturas artísticas que funcionam como suporte cenográfico para as apresentações;
- Lenda amazônica: Estrutura artística alegórica e cênica. Narrativa que ilustra a cultura dos povos da Amazônia dentro do contexto do espetáculo do Boi-Bumbá de Parintins;
- Vaqueirada: Brincantes que representam a figura dos vaqueiros no contexto histórico, os guardiões do Boi-Bumbá;
- Galeria: Conjunto de torcedores dispostos nas arquibancadas laterais gratuitas. Massa humana que formam coreografias uníssonas e organizadas no contexto do espetáculo;
- Coreografia: Movimentos coreografados dos grupos de dança apresentados durante o espetáculo;
- Organização do conjunto folclórico: Fluidez e organização da apresentação dentro do contexto do espetáculo.
Com informações da Agência Brasil