As exportações brasileiras cresceram 4,8% em valor e 7,2% em volume no mês de julho,…

Reputação Verdadeira vs. Fama Fabricada
Artigo de Nilson Hashizumi sobre como transformar uma boa reputação autêntica em vantagem real. Veja em TVT News.
Reputação Verdadeira vs. Fama Fabricada: como Vencer a Guerra da Imagem?
Por Nilson Hashizumi
Vivemos tempos em que o prestígio se mede em curtidas, o valor se confunde com performance digital e o que ecoa alto nem sempre é o que tem raiz profunda. No jogo da política, da comunicação e da influência pública, é cada vez mais comum vermos reputações infladas artificialmente dominando o debate — enquanto reputações verdadeiras, sólidas e discretas seguem ocultas, reconhecidas apenas por quem presta atenção.
O paradoxo é inquietante: muitas vezes, quem tem consistência não tem holofote. E quem tem performance aparente, sem entrega real, recebe atenção desproporcional. Isso não acontece por acaso — é efeito direto de um ecossistema comunicacional baseado em algoritmos, estética de influência e consumo rápido de imagem.
A questão que se impõe, então, é estratégica: como transformar uma boa reputação autêntica — mas reconhecida por poucos — em vantagem real diante de uma boa reputação fabricada que mobiliza muitos?
A força da reputação verdadeira
Reputação é construída pela repetição coerente de ações no tempo. Não se trata de um feito isolado, nem de uma performance ocasional: trata-se de constância ética, técnica e humana. Quando é verdadeira, a reputação não depende de maquiagem ou espetáculo: ela pode ser confirmada por quem viveu, acompanhou, testemunhou.
Ela é como uma árvore frondosa: leva tempo para crescer, exige cuidado, tem raízes. E justamente por isso, não é facilmente arrancada nem derrubada.
Mas reputações verdadeiras enfrentam uma fragilidade importante: elas costumam ser silenciosas. Crescem nos bastidores, fora do feed, longe das frases de efeito. E é aí que mora o desafio: como comunicar o que foi vivido — e não apenas encenado?
Reputação: narrativa vence número
No mundo da política e da influência, número não é tudo. Narrativa é tudo.
O primeiro movimento estratégico para quem tem uma reputação sólida, mas pouco conhecida, é transformá-la em narrativa com potência emocional e simbólica. Quem viveu algo consistente tem, em sua trajetória, histórias reais. Não precisa exagerar: precisa traduzir.
O político que fez diferença em pequenas comunidades, que foi leal a compromissos difíceis, que sustentou posições coerentes mesmo sob pressão — ele tem um acervo de verdade. Mas se isso não vira história, memória e imagem pública, não vira reputação socialmente reconhecida.
E a verdade, quando bem contada, não precisa gritar. Ela tem força de terremoto.
Microcomunidades como estratégia de poder
Enquanto muitos ainda perseguem audiência massiva, vaidade inflada e “viralizações”, a reputação verdadeira deve começar por onde ela já é legítima: nas microcomunidades que a reconhecem. Líderes locais, educadores, servidores, pequenos empresários, movimentos sociais — são eles que podem e devem ser os primeiros porta-vozes.
Essas comunidades são menos vulneráveis à desinformação e mais sensíveis à coerência. Ao contrário de audiências digitais voláteis, microcomunidades têm memória, têm vínculo, têm experiência real com a trajetória da liderança que defendem.
Numa era de bolhas, deepfakes e discursos fabricados, é nesses núcleos confiáveis que as verdades profundas circulam com mais impacto. A lógica é clara: quem convence poucos com profundidade, convence muitos com consequência.
A sutileza da comparação inteligente
Combater uma reputação falsa não exige ataque direto. Exige contraste. Não se trata de denunciar o outro — o que frequentemente produz efeito reverso —, mas de evidenciar o que ele não pode mostrar: tempo, coerência, reconhecimento autêntico.
Uma reputação inflada pode resistir a ataques, mas não resiste a uma comparação bem construída com algo real e legítimo.
É como diz o ditado antigo: “o tempo revela o caráter como a luz revela as formas.” Mostre o que foi feito em silêncio. Traga à luz os frutos de longo prazo. Permita que os outros percebam, sozinhos, que há diferença entre parecer confiável e ser confiável.
Aqui, a comunicação política precisa abandonar o tom de rivalidade e adotar o tom de maturidade. A comparação precisa ser elegante — e imbatível.
Confiança é poder
Reputação verdadeira é uma moeda forte — mas só ganha valor de troca quando circula. Comunicação política responsável tem o dever de transformar o acúmulo de integridade em posicionamento estratégico.
E aqui entra o papel crucial da confiança.
Enquanto a reputação é a imagem que se forma pela trajetória, a confiança é o sentimento que se estabelece a partir dela. E confiança é muito mais valiosa — porque é ela que gera voto, apoio, permanência e perdão em momentos de crise.
Mas atenção: a confiança é mais frágil que a reputação. Uma boa reputação pode durar anos. A confiança pode ser rompida em minutos. A coerência, portanto, precisa ser constante — e precisa parecer constante.
Não basta ser ético, comprometido e verdadeiro. É preciso tornar isso visível.
Quando a verdade chega, ela vira futuro
O ciclo das reputações falsas é curto. Elas surgem rápido, brilham intensamente e se desgastam com a mesma velocidade. Basta uma crise, um escândalo ou um erro mal gerido — e tudo desmorona. Afinal, não há cimento por trás do reboco.
Já a reputação verdadeira não desaparece com o tempo: ela amadurece.
E mais importante: ela gera confiança suficiente para caminhar junto. Porque reputação pode convencer. Mas só a confiança move.
Conclusão: não se apaga o que se viveu
Se há algo que a comunicação política precisa resgatar, é a ideia de que a verdade pode não ser imediata, mas é duradoura. Pode não ser popular, mas é poderosa. Pode não estar nos Trending Topics, mas está no coração das comunidades que fazem o país funcionar de verdade.
No final, o que sobrevive às campanhas, às polêmicas e aos algoritmos é aquilo que foi vivido de verdade.
E como diz a máxima: não se apaga o que se viveu.
Sobre o autor
NILSON HASHIZUMI
Nilson Hashizumi é estrategista de marketing político e corporativo, jornalista, fotógrafo, gestor de cultura e preparador de candidatos, grupos e agremiações políticas, com MBA em Comunicação Governamental e Marketing Político. Co-fundador da Alcateia Política, orientou, coordenou e defendeu candidatos majoritários em São Paulo e Pará e candidatos proporcionais em São Paulo e Minas Gerais.
Orientado a resultados, trabalha com visão de processos na gestão da comunicação on e off-line para a construção de reputação, imagem e formação de opinião. Atuou por mais de 30 anos na iniciativa privada, organizações da sociedade civil e entidades de classe antes de atuar em favor de entes políticos. Associado ao CAMP.
Comments (0)