O governo do presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (22) a revogação da certificação da Universidade de Harvard para matricular estudantes estrangeiros. A medida drástica, comunicada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, implica que a instituição não poderá mais admitir alunos internacionais e que os cerca de 6.800 estudantes estrangeiros atualmente matriculados devem se transferir para outras universidades ou perderão seu status legal nos Estados Unidos.
A ação representa uma escalada significativa na tensão entre o governo Trump e instituições acadêmicas de prestígio, como Harvard. Noem justificou a medida alegando que a universidade teria falhado em cumprir requisitos legais e estaria promovendo um ambiente inseguro, tolerando comportamentos antiamericanos e antissemitas, além de supostas colaborações com o Partido Comunista Chinês.
“É um privilégio, não um direito, que as universidades matriculem estudantes estrangeiros e se beneficiem de suas mensalidades mais altas para ajudar a aumentar suas dotações multibilionárias”, afirmou Noem em comunicado. Ela acrescentou que Harvard teve “muitas oportunidades de fazer a coisa certa”, mas recusou-se a cumprir a lei, resultando na revogação da certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP).
A universidade respondeu, classificando a ação como “ilegal” e “retaliatória”. Em nota oficial, Harvard declarou estar “totalmente comprometida em manter a capacidade de receber estudantes e acadêmicos internacionais, vindos de mais de 140 países, que enriquecem imensamente a universidade — e esta nação”. A instituição afirmou ainda que está trabalhando para fornecer orientação e apoio aos membros de sua comunidade afetados pela medida.
A revogação da certificação SEVP impede que Harvard emita os documentos necessários para que estudantes internacionais obtenham vistos de estudo. Além disso, os alunos estrangeiros atualmente matriculados devem se transferir para outras instituições ou enfrentar a perda de seu status legal nos EUA. A universidade possui aproximadamente 6.800 estudantes internacionais, representando cerca de 27% de seu corpo discente.
Especialistas em educação e direitos civis expressaram preocupação com as implicações da medida. A Associação Americana de Universidades (AAU) emitiu um comunicado condenando a ação, afirmando que ela “compromete a integridade do ensino superior nos Estados Unidos e envia uma mensagem preocupante à comunidade internacional”.
A decisão ocorre em meio a uma campanha mais ampla da administração Trump contra instituições de ensino superior consideradas promotoras de ideologias liberais. Além de Harvard, outras universidades, como Columbia, também enfrentaram cortes de financiamento e ameaças semelhantes.
Organizações estudantis e de direitos civis anunciaram planos para contestar a decisão nos tribunais. “Esta medida é uma afronta aos valores fundamentais de inclusão e diversidade que definem a educação superior americana”, declarou Maria González, diretora da Coalizão Nacional para os Direitos dos Imigrantes.
Enquanto isso, estudantes internacionais de Harvard enfrentam incertezas quanto ao seu futuro acadêmico e status legal. A universidade anunciou que vai organizar sessões de orientação e apoio para auxiliar os alunos afetados na transição para outras instituições ou na busca de alternativas legais para permanecer nos Estados Unidos.
A medida do governo Trump marca um ponto crítico nas relações entre o governo federal e as universidades de elite, levantando questões sobre a autonomia acadêmica, a liberdade de expressão e o papel das instituições de ensino superior na sociedade americana.
A comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos dessa decisão, que pode ter repercussões significativas para o intercâmbio acadêmico global e a posição dos Estados Unidos como destino preferencial para estudantes estrangeiros.
A Universidade de Harvard ainda não anunciou quais medidas legais tomará para contestar a decisão, mas fontes internas indicam que a instituição está preparando uma ação judicial para reverter a revogação da certificação SEVP e proteger os direitos de seus estudantes internacionais.
Este episódio ressalta as tensões crescentes entre políticas governamentais e os princípios de inclusão e diversidade que muitas instituições acadêmicas buscam promover, colocando em xeque o futuro do ensino superior internacional nos Estados Unidos.