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terça-feira, 18 de novembro de 2025 -

“Caso Master deve alcançar governo do DF”

Segundo o ex-secretário executivo do Ministério da Justiça Ricardo Cappelli, a crise em torno do Banco Master era uma “pedra cantada”

O avanço da operação da Polícia Federal que prendeu, nesta segunda-feira (17), os empresários Daniel Vorcaro e Augusto Lima, ligados ao Banco Master, representa apenas “o começo” de um escândalo financeiro que deve atingir governos estaduais, fundos públicos e o próprio sistema financeiro nacional. A avaliação é do jornalista e ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli. Entenda na TVT News.

Cappelli hoje é presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Ele concedeu entrevista à jornalista Talita Galli, apresentadora do TVT News Primeira Edição, e disse que o rombo pode ultrapassar R$ 10 bilhões.

Segundo Cappelli, a crise em torno do Banco Master era uma “pedra cantada”. “O Banco Master vinha em sérias dificuldades, fazendo operações suspeitas no mercado financeiro. Todo o sistema acompanhava”, afirmou. A explosão do caso, diz, só não ocorreu antes porque houve uma tentativa de salvar o banco por meio da fusão com o Banco de Brasília (BRB), operação barrada pelo Banco Central. “Se aquela ação tivesse sido concretizada, eles iam quebrar o BRB.”

Rombo bilionário e indícios de fraude

Cappelli diz que informações de mercado apontam que o BRB, em operações preparatórias para a fusão, comprou R$ 11 bilhões em papéis do Master que valeriam, no máximo, R$ 3 bilhões. “Se isso for comprovado, teremos um rombo de R$ 8 bilhões só no BRB”, destacou.

Ele aponta ainda sinais contábeis concretos: a inadimplência do BRB saltou de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre para R$ 13,1 bilhões no segundo trimestre de 2025. “A inadimplência subiu R$ 10,7 bilhões em apenas três meses. Tudo indica que eles internalizaram no balanço essas operações fraudulentas com o Master.”

O BRB chegou a divulgar nota afirmando que houve “erro contábil”, mas Cappelli afirma que a intervenção do Banco Central e a deflagração da operação da PF tornam impossível esconder o rombo.

Impacto político: Ibaneis Rocha e aliados no centro da crise

Questionado pela comentarista Laura Capriglione sobre o impacto para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), Cappelli foi direto: “São operações fraudulentas. Eles pagaram bilhões por papéis podres. Quem indica o presidente do BRB é o governador Ibaneis.”

Ele lembrou que a autorização legislativa para a operação com o Master foi enviada por Ibaneis e aprovada “a toque de caixa” na Câmara Legislativa.

Cappelli afirma que o presidente do BRB, Paulo Henrique, ligado ao senador Ciro Nogueira (PP) e ao próprio Ibaneis, deve ser preso. “Ele está nos Estados Unidos. Tudo indica que quando voltar também será preso.”

Deputados distritais, segundo Cappelli, devem protocolar ainda hoje um pedido de CPI do BRB na Câmara Legislativa.

A ponte Master–BRB: Flávia Arruda e Ciro Nogueira

Cappelli também atribui relevância à relação entre Augusto Lima, preso na operação, e Flávia Arruda (Flávia Peres) — ex-ministra da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro e ex-esposa de José Roberto Arruda. “Tudo indica que foi através da relação entre Flávia Peres e Ciro Nogueira que se deu a aproximação entre o Master e o BRB”, afirmou.

Contas falsas e ligação com a operação Carbono Oculto

O ex-secretário revelou novas informações recebidas por servidores do BRB: o banco teria utilizado dados de correntistas para abrir contas falsas na Genial Investimentos, que aparece em investigações da PF na operação Carbono Oculto, com indícios de lavagem de dinheiro ligada ao crime organizado.

“O caso Master se cruza com a operação Carbono Oculto e vai muito longe”, declarou.

Fraudes e crime organizado do “andar de cima”

Durante o debate, a bancada lembrou que parte dos estados, como Rio de Janeiro, cujo fundo de previdência teria comprado R$ 1 bilhão em papéis do Master, também pode ser atingida.

Cappelli reforçou que o crime organizado no Brasil não se limita às facções em territórios vulneráveis. “Hoje bilhões ilegais não circulam mais em malas. Eles estão por dentro do sistema financeiro, de empresas que lavam dinheiro. Há indícios de que estão por dentro das bets”, explicou.

8 de Janeiro, julgamento de Bolsonaro e virada histórica

A entrevista também abordou a condenação de Jair Bolsonaro e militares envolvidos no 8 de janeiro. Cappelli, que foi interventor federal na segurança pública do DF durante o ataque aos Três Poderes, classificou o acórdão como “um dia histórico”:

“Pela primeira vez, civis e militares envolvidos em tentativa de golpe foram julgados e serão presos. Isso vira uma página no Brasil.”

Cappelli cobra respostas

Cappelli afirma que a PF ainda precisa responder perguntas-chave:

  • Quem ganhou dinheiro com as operações fraudulentas?
  • Houve comissões milionárias?
  • Por que fundos públicos compraram papéis de altíssimo risco?
  • Quais agentes financeiros operaram a lavagem?

“Operações fraudulentas de bilhões não acontecem por acaso. Há gente que ganhou dezenas de milhões. A expectativa é que a investigação avance nesse sentido.”

Ao final, Cappelli reforçou confiança na Polícia Federal: “Tem muito trabalho pela frente. Mas confio muito no profissionalismo da PF.”

Assista à entrevista de Cappelli

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