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Escavações no DOI-Codi investigam memórias da repressão
Escavações vão utilizar técnicas forenses para investigar vestígios das torturas aos presos políticos
Em São Paulo, arqueólogos e pesquisadores retomam as escavações no antigo prédio do DOI-Codi, símbolo da repressão durante a ditadura militar. O objetivo é localizar fragmentos e vestígios de um período marcado por prisões ilegais, tortura e desaparecimentos. O trabalho reacende o debate sobre memória, justiça e reparação histórica. Leia em TVT News
Segunda etapa das atividades arqueológicas no antigo DOI-Codi de SP investiga vestígios e memórias da repressão
Entre os dias 27 de outubro e 8 de novembro de 2025, as equipes de Arqueologia da UFMG, Arqueologia Pública da Unicamp e Arqueologia Forense da Unifesp e Arquitetura e Patrimônio que fazem parte do Grupo de Trabalho do Doi-Codi, retomaram as escavações no antigo DOI-Codi de São Paulo, localizado na Rua Tutóia, 921, atual sede da 36ª Delegacia de Polícia Civil.
A ação dá continuidade às investigações iniciadas em agosto de 2023, com o objetivo de compreender a materialidade e as transformações do espaço que, entre 1969 e 1983, funcionou como um dos principais centros de repressão da ditadura militar brasileira.
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O que são as escavações no Doi-Codi
Até o momento, as escavações, coordenadas pelo Professor Andrés Zarankin (UFMG) foram encontrados diversos vestígios arqueológicos, tais como materiais construtivos associados às mudanças físicas na arquitetura do prédio ao longo do tempo e objetos que podem estar relacionados ao funcionamento cotidiano do complexo: louças, vidro, metais, etiquetas de produtos, etc.
Estes materiais são oriundos da trincheira na entrada do edifício onde ocorriam grande parte dos interrogatórios e torturas e onde foi capturada a foto que simula o suicídio de Vladimir Herzog – até o momento única imagem interna do edifício durante o funcionamento do DOI-Codi – e onde quase 7 mil pessoas foram interrogadas e torturadas.
O artefato que mais chamou a atenção da equipe é uma prótese dentária, que será analisada em laboratório para identificar, por exemplo, o material de que foi feita, a técnica de produção empregada e, a partir desses elementos, a época na qual foi utilizada.
Essa etapa da pesquisa foi possível graças ao financiamento via emenda impositiva n°2025.274.71731 do Deputado Guilherme Cortez e à parceria com o Sesc Vila Mariana.
A equipe de Arqueologia Forense, coordenada pela professora Cláudia Plens (Unifesp) em colaboração com a Dra. Maryah Haertel (UFSC), ampliou as análises no segundo andar do edifício, com o objetivo de identificar possíveis vestígios orgânicos humanos, como a presença de sangue, por meio da aplicação de técnicas forenses que incluem o uso de luminol — reagente químico que, em contato com o ferro da hemoglobina, emite uma luz azulada — e de luzes forenses.
Nesta etapa, foi iniciado um importante trabalho de levantamento arquitetônico coordenado pelo arquiteto Alessandro Sbampato (Rebrapesc) em colaboração com Deborah Neves (Unifesp). A partir dele, tem sido possível analisar materiais construtivos recuperados nas escavações de 2023 em confronto com plantas originais localizadas em 2021 e identificar técnicas construtivas.
Foi possível identificar causas, mecanismos e efeitos de anos de desuso e má conservação do edifício 2-A, desde alterações nos materiais provocadas por infiltrações de água até a presença de agentes biológicos de degradação, como cupins e pombos.
Dessa etapa resultará tanto um diagnóstico conclusivo com previsão de custo para realizar os reparos necessários quanto diretrizes detalhadas de intervenção neste importante e singular patrimônio cultural edificado do Estado de São Paulo, com relevância nacional.
Sob a coordenação da professora Aline Carvalho (Unicamp) e da Dra. Fernanda Lima (UFMG), a equipe de Arqueologia Pública promove visitas mediadas ao espaço, abertas a um público amplo, com inscrições realizadas por meio das redes sociais do projeto @arqueodoicodisp.
O local também tem recebido ex-presos políticos que passaram pelo DOI-Codi ee filhos (as) de sobreviventes fortalecendo o compromisso do projeto com a escuta, o reconhecimento e a reconstrução da memória coletiva.
Além das visitas, são oferecidas oficinas educativas voltadas a escolas e professores, com foco na história da ditadura, na memória sobre o DOI-Codi/SP e nos direitos humanos. Uma das novidades desta segunda etapa dos trabalhos de Arqueologia Pública é a atividade de sensibilização da vizinhança, em que os pesquisadores caminham pelo bairro da Vila Mariana, dialogando com moradores sobre o passado do local e convidando-os a participar das ações do projeto.
Os resultados tanto desta quanto da etapa anterior estarão disponíveis na íntegra na página do Memorial Virtual DOICodi – memorialdoicodi.unifesp.br -, que conta com financiamento da Fapesp e do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.
A pesquisa segue até o sábado, 8 de novembro, e os interessados em acompanhar as atividades podem se inscrever pelo link: https://forms.gle/hMBdYJQRz4TGuSNh6


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