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Tarifaço: produtos não cultivados nos EUA podem ficar de fora das tarifas, diz secretário
Café, cacau, suco de laranja, entre outros alimentos, podem ser isentos das novas tarifas
O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, acenou para a possibilidade de exceções no tarifaço de Trump nesta terça-feira (29) em uma entrevista à emissora CNBC Internacional. De acordo com Lutnick, produtos naturais não cultivados ou produzidos em solo estadunidense podem ficar de fora das novas tarifas. Entenda na TVT News.
A lista de possíveis itens isentos do tarifaço inclui café, cacau, manga, abacaxi e coco. Especialistas sugerem que frutos do mar, suco de laranja e óleo de palma também poderiam ser contemplados, considerando a relevância dos produtos na alimentação americana.
Café brasileiro no limbo
Apesar das sinalizações de possível isenção, o secretário não mencionou o Brasil ou qualquer outro país exportador específico como beneficiário de tarifa zero. Essa omissão gera particular preocupação no Brasil, uma vez que o país é o principal exportador de café para os EUA, sendo responsável por aproximadamente um terço do consumo americano, com mais de 8 milhões de sacas exportadas anualmente. A aplicação da tarifa de 50% sobre o café brasileiro poderia, na prática, inviabilizar o fluxo comercial.
Os Estados Unidos, por sua vez, demonstram uma forte dependência do café importado, produzindo apenas cerca de 1% do que consomem. Uma interrupção na importação do café brasileiro, que contribui com 40% da oferta mundial, teria um impacto significativo para os EUA. Outros grandes produtores, como a Colômbia, não teriam capacidade de suprir a demanda norte-americana, especialmente a do tipo arábica, o mais procurado.
Garantias e esforços diplomáticos
Lutnick foi claro ao afirmar que quaisquer isenções viriam atreladas a outras garantias. Os países beneficiados teriam que abrir seus próprios mercados para produtos americanos, com destaque para a soja, que seria um item-chave para a reciprocidade do acordo. Segundo ele, desta forma a balança comercial se tornaria “justa”.
Diante deste cenário, o governo brasileiro tem intensificado os esforços diplomáticos. O vice-presidente Geraldo Alckmin realizou contatos diretos com Lutnick, e uma comitiva de senadores tem buscado dialogar com o Congresso dos EUA. A expectativa é por uma posição mais transparente e detalhada do governo norte-americano sobre as exceções e as condições aplicáveis.
Além das discussões com o Brasil, Lutnick abordou outras negociações comerciais globais, como as conversas com a União Europeia, onde itens como a cortiça poderiam ter tarifa zerada. As discussões sobre tarifas de aço e alumínio e regulamentações de serviços digitais também continuam, enquanto as negociações com a China são consideradas mais desafiadoras. No acordo com a UE, produtos farmacêuticos europeus foram incluídos em uma tarifa de 15%, antecipando uma futura política farmacêutica dos EUA com alíquotas mais elevadas.
Haddad diz que pode haver conversa entre Lula e Trump sobre tarifas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (29), em Brasília, que pode haver uma conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump para tratar do tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros exportados para o país. Segundo Haddad, não há obstrução dos canais de diálogo entre os negociadores das duas nações, entretanto, esse contato direto entre os chefes de Estado exige uma preparação protocolar mínima.
Para Haddad já há “algum sinal de interesse” e “sensibilidade” de autoridades dos Estados Unidos para conversar. “Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento que estão encontrando maior abertura lá, não sei se vai dar tempo até dia 1º”, avaliou o ministro, afirmando que não está fixado na data e que as negociações vão continuar mesmo com a entrada em vigor das tarifas.
“Estão ficando mais claros, agora, os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas que não eram de fácil compreensão por parte deles. A relação sempre foi amistosa entre os países, então não há razão nenhuma para que isso mude, deixar que temas alheios ao governo brasileiro sejam motivo para o recrudescimento, assim, de tensões”, afirmou o ministro da Fazenda.

O ministro contou, ainda, que o vice-presidente Geraldo Alckmin tem feito “um esforço monumental” em suas conversas com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. “Ontem mesmo houve uma conversa mais longa, terceira e mais longa conversa que tiveram”, observou.
O foco do governo brasileiro, segundo Haddad, é que eles se manifestem oficialmente para que possa ser mapeado o que, de fato, está em jogo e para que os negociadores encontrem uma solução, considerando o que é importante para os dois países.
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