O general Mário Fernandes, réu do núcleo 2, disse que o plano “Punhal Verde e Amarelo” era um arquivo pessoal
O general do Exército Mário Fernandes, réu do núcleo 2 no processo da tentativa de golpe, confirmou no Supremo Tribunal Federal (STF) que foi autor do plano Punhal Verde Amarelo. O planejamento previa o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Entenda em TVT News.
O militar, que está preso desde novembro do ano passado, foi interrogado, por videoconferência, pelo STF nesta quinta-feira (24). O núcleo 2 reúne acusados de elaborar a “minuta do golpe”, monitorar autoridades e impedir o voto de eleitores em 2022.
‘Punhal Verde e Amarelo’
Durante o governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e foi responsável, segundo as investigações, pela elaboração do arquivo de word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, com planejamento “voltado ao sequestro ou homicídio” do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
A execução inicial do plano estaria prevista para o dia 15 de dezembro de 2022. No depoimento, o general alegou que o arquivo era pessoal, mas confirmou que determinou a impressão do documento em uma impressora do Palácio do Planalto — segundo a PF, três cópias foram impressas. O militar afirmou que o arquivo retrata um pensamento que foi digitalizado.
Segundo o general, o documento era destinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que era comandado pelo general Augusto Heleno, que também é réu pela tentativa de golpe. Ele negou que o arquivo seria apresentado em uma reunião com Bolsonaro.

“A determinação foi minha ao meu chefe de gabinete, o Reginaldo Vieira de Abreu, que emitisse seis cópias. Essas seis cópias foram emitidas. O objetivo delas era apresentar ao GSI, que, doutrinariamente, era responsável pela montagem do gabinete de crise”, disse.
“Não quer dizer a crise que a PGR pensa que é. Poderia ser qualquer outra crise. Era um assessoramento em apoio, no caso, ao general Heleno, que é um grande amigo, um grande mentor. Não tinha nada a ver com apresentação ao Bolsonaro”, completou.
Na denúncia da PGR, Paulo Gonet destaca: “O plano se desdobrava em minuciosas atividades, requintadas nas suas virtualidades perniciosas. Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser “neutralizado”. Cogitava o uso de armas bélicas contra o ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento de Luiz Inácio Lula da Silva”. De acordo com o PGR, o plano foi levado ao conhecimento do então presidente da República, Jair Bolsonaro.
Julgamento da tentativa de golpe
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal pela tentativa de golpe. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição os acusados do núcleo 2 ocorra no segundo semestre deste ano.
A denúncia da PGR foi dividida em quatro núcleos. O núcleo 1, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, foi interrogado no mês passado. Essa parte do processo está nas alegações finais, última fase, e deve ser julgada em setembro.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Com informações de Agência Brasil.