sábado , 26 de julho 2025

Dia do Escritor: conheça 10 vozes brasileiras que moldaram a literatura nacional

O Brasil celebra o Dia do Escritor em 25 de julho, em homenagem àqueles que se dedicam à arte das palavras. A escolha da data remonta a 1960, quando foi oficialmente instituída durante o Primeiro Festival do Escritor Brasileiro. Conheça mais sobre a literatura brasileira na TVT News.

A literatura brasileira é reconhecida por sua riqueza e diversidade, tendo gerado nomes de peso que alcançaram destaque nacional e internacional. Machado de Assis, Clarice Lispector, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade são exemplos de autores cujas obras continuam a inspirar e a moldar gerações. 

Por essa razão, neste Dia do Escritor, relembre alguns dos mais notáveis autores brasileiros que compõem a constelação da nossa literatura, além de suas obras mais relevantes, e claro, indicadas pela TVT News. 

Machado de Assis (1839-1908)

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Foto: Reprodução

Joaquim Maria Machado de Assis é, indiscutivelmente, a maior referência da literatura brasileira, frequentemente aclamado como um dos maiores escritores de todos os tempos em língua portuguesa. Autor fundamental para a consolidação da literatura no país, Machado rompeu com os modelos tradicionais do romantismo e inaugurou uma escrita mais crítica, irônica e psicológica.

Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, em 1839, Machado teve uma origem humilde, filho de um pintor e uma lavadeira. Sua formação foi majoritariamente autodidata, com poucos anos de estudo formal. Sua paixão pelos livros o levou a aprender por conta própria, trabalhando como aprendiz de tipógrafo, revisor e jornalista, o que foi essencial para o desenvolvimento de seu estilo.

Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1897, sendo seu primeiro presidente. Sua morte, em 1908, marcou o fim de uma era, mas o início de seu legado como o “Bruxo do Cosme Velho”. Sua obra é atemporal, e sua capacidade de observar e satirizar a alma humana e as idiossincrasias sociais permanece relevante. Machado é uma figura central para entender a literatura brasileira e um dos autores mais estudados e admirados por críticos e leitores em todo o mundo.

Obras de destaque

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
  • O Alienista (1882)
  • A Cartomante (1884)
  • Quincas Borba (1891)
  • Dom Casmurro (1899)

Clarice Lispector (1920-1977)

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Foto: Reprodução

Clarice Lispector é uma das vozes literárias mais singulares do século XX. Sua obra é marcada por sua prosa inovadora, introspectiva e profundamente filosófica, que por muitas vezes mergulha na psique humana, explorando as complexidades do ser, a epifania do cotidiano e a existência das emoções humanas.

Nascida em Chechelnyk, Ucrânia, Clarice chegou ao Brasil ainda bebê com sua família, que fugia da crescente violência contra judeus. Ela cresceu em Recife e no Rio de Janeiro. Sua origem estrangeira e a experiência de imigração permeiam a sensação de estranhamento e busca por pertencimento em sua escrita. Formada em Direito, nunca exerceu a profissão, e seu casamento com um diplomata a levou a morar em diversos países, enriquecendo sua percepção do mundo e do exílio existencial, alguns dos temas recorrentes em sua obra.

Clarice Lispector faleceu em 1977. Sua obra, por vezes hermética, conquistou um público fiel e é uma das autoras brasileiras mais traduzidas.

Obras de destaque

  • Perto do Coração Selvagem (1943)
  • Laços de Família (1960)
  • A Paixão Segundo G.H. (1964)
  • Água Viva (1973)
  • A Hora da Estrela (1977)

Jorge Amado (1912-2001)

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Foto: Reprodução

Jorge Amado possui uma vasta obra vibrante e sensual, ambientada em sua amada Bahia. Seus livros trazem um retrato multifacetado da cultura, dos costumes e das lutas sociais do Brasil, com personagens inesquecíveis.

Nascido em Itabuna, Bahia, em 1912, Jorge Amado teve sua infância e juventude nas fazendas de cacau da região, o que lhe proporcionou um conhecimento profundo do mundo dos coronéis, jagunços e trabalhadores, que se tornaria cenário de muitos de seus romances. Publicou seu primeiro romance, O País do Carnaval, aos 19 anos, em 1931. Embora formado em Direito, sua paixão pela literatura e jornalismo prevaleceu.

Sua vida foi marcada por um forte engajamento político e social. Filiado ao Partido Comunista Brasileiro, foi perseguido e exilado em diferentes períodos. Sua militância se refletiu em suas obras iniciais, que tinham um tom mais social e de denúncia. A partir da década de 1950, sua literatura assumiu um caráter mais lírico, sensual e de celebração da cultura baiana.

Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961 e agraciado com diversos prêmios, incluindo o Prêmio Camões (1994), o mais importante da língua portuguesa. Sua obra foi traduzida para mais de 50 idiomas e adaptada para diversas mídias, popularizando a imagem do Brasil no exterior. Faleceu em Salvador, Bahia, em 2001, deixando um legado imenso de uma literatura que celebra a vida, a diversidade e a riqueza cultural do povo brasileiro.

Obras de destaque

  • Capitães da Areia (1937)
  • Gabriela, Cravo e Canela (1958)

  • Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966)

  • Tenda dos Milagres (1969)
  • Tieta do Agreste (1977)

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

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Foto: Reprodução

Nascida em Sacramento, Minas Gerais, de uma família humilde e neta de escravos, Carolina Maria de Jesus teve apenas dois anos de educação formal. Sua curiosidade e amor pelos livros a tornaram uma autodidata voraz, lendo tudo que encontrava, desde jornais velhos a livros recolhidos do lixo, enquanto trabalhava como catadora de papel. Em 1937, mudou-se para São Paulo, e a partir de 1948, viveu na favela do Canindé, criando três filhos sozinha. Foi ali que Carolina começou a registrar seu dia a dia em cadernos, detalhando as privações, mas também momentos de alegria e reflexões profundas.

De seus diários, nasceu o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, que oferece um testemunho visceral e impactante de sua vida na favela, da pobreza, da fome e especialmente da luta diária pela sobrevivência.

Em 1958, o jornalista Audálio Dantas a descobriu, e a ajudou a publicar seus escritos. Assim, em 1960, Quarto de Despejo foi lançado, tornando-se um sucesso estrondoso e imediato, vendendo milhares de exemplares e sendo traduzido para mais de treze idiomas. Carolina, uma mulher negra, favelada e catadora de papel, tornou-se uma celebridade literária da noite para o dia.

Sua escrita é marcada pela linguagem direta e sem rodeios, descrevendo a realidade com uma honestidade brutal e clareza que chocaram a sociedade da época. Seus textos revelam um lirismo sutil, inteligência aguçada e senso crítico notável. 

Carolina Maria de Jesus faleceu em 1977. Apesar do sucesso inicial, enfrentou dificuldades em manter a fama e a renda, retornando a uma vida mais simples nos últimos anos. Seu legado, porém, é imenso, sendo considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Carolina foi pioneira ao representar tantas vidas que são marginalizadas e silenciadas até hoje. 

Obras de destaque

  • Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960)
  • Casa de Alvenaria: Diário de uma ex-favelada (1961)
  • Pedaços de Fome (1963)
  • Diário de Bitita (1986)
  • O escravo (2023)

Guimarães Rosa (1908-1967)

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Foto: Reprodução

João Guimarães Rosa é uma figura singular e monumental da literatura brasileira, sinônimo de inovação e profundidade. Médico e diplomata de carreira, ele revolucionou a prosa com sua linguagem inventiva e sua visão de mundo única, tornando-se um dos maiores expoentes da terceira geração modernista.

Nascido em Cordisburgo, Minas Gerais, em 1908, sua infância foi marcada pelo contato com o sertão mineiro, que viria a ser o cenário e o cerne de grande parte de sua obra. Desde cedo, demonstrou notável inteligência e curiosidade, aprendendo diversos idiomas de forma autodidata. Sua paixão pela linguagem foi fundamental para a construção de seu estilo único. Sua carreira diplomática, com serviço em vários países, aprofundou seu olhar sobre o Brasil e o sertão, enriquecendo sua perspectiva sobre a universalidade da condição humana.

A obra de Guimarães Rosa é marcada por uma profunda experimentação linguística e por uma abordagem que eleva o regional a um patamar universal, filosófico e mítico. Morreu em 1967, três dias após ter tomado posse da Cadeira 2 da ABL, vítima de um infarto. Mesmo após sua morte, sua obra continua a ser objeto de estudo e fascínio, inspirando leitores, escritores e acadêmicos em todo o mundo, confirmando a ideia de que “O sertão é do tamanho do mundo”.

Obras de destaque

  • Sagarana (1946)
  • Com o Vaqueiro Mariano (1952)

  • Grande Sertão: Veredas (1956)

  • Corpo de Baile (1956)
  • Primeiras Estórias (1962)

Conceição Evaristo (1946-)

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Foto: Reprodução

Nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, em uma família numerosa e humilde, Conceição cresceu em uma favela, e sua infância foi marcada por privações e um trabalho precoce como empregada doméstica. Apesar das dificuldades, sua paixão pelo estudo e pela leitura a impulsionou: concluiu o magistério, mudou-se para o Rio de Janeiro onde foi professora pública, e já adulta, ingressou na universidade, obtendo mestrado e doutorado.

Conceição é uma autora essencial da literatura brasileira contemporânea, é uma figura central na literatura afro-brasileira. Sua obra, que abrange poesia, contos, romances e ensaios, aborda temas como negritude, ancestralidade, resistência, opressão e feminilidade, com uma linguagem que transborda lirismo e denúncia.

O trabalho de Conceição Evaristo está enraizado em suas experiências de vida e na história de seu povo, especialmente das mulheres negras. Ela cunhou o termo “escrevivência” para descrever sua prática literária. A “escrevivência” é uma forma de dar voz às vivências coletivas, às memórias ancestrais e às lutas dos povos diaspóricos, em particular das mulheres negras.

Obras de destaque

  • Ponciá Vicêncio (2003)
  • Becos da Memória (2006)

  • Poemas da recordação e outros movimentos (2008)
  • Insubmissas lágrimas de mulheres (2011)
  • Olhos d’Água (2014)

Graciliano Ramos (1892-1953) 

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Foto: Reprodução

Nascido em Quebrangulo, Alagoas, Graciliano Ramos teve uma infância marcada por dificuldades e uma formação majoritariamente autodidata. Trabalhou como jornalista e revisor, e notavelmente como prefeito de Palmeira dos Índios e Caçapava, cargos nos quais se destacou pela honestidade e pela tentativa de modernizar a administração pública, o que lhe deu contato direto com as mazelas sociais e políticas do sertão. Sua vida foi marcada por perseguições políticas, tendo sido preso sem acusação formal em 1936 devido a supostas ligações com o comunismo. Essa experiência traumática resultou em Memórias do Cárcere, um poderoso testemunho da arbitrariedade do sistema prisional.

Falecido em 1953, Graciliano é um dos grandes nomes do modernismo brasileiro, sendo conhecido por sua prosa seca, concisa e de profunda densidade psicológica e social. Sua obra é um retrato pungente da miséria, da seca e da luta pela sobrevivência, centrada na realidade do sertão nordestino e nas agruras da condição humana.

Obras de destaque

  • São Bernardo (1934) 

  • Angústia (1936) 

  • Vidas Secas (1938) 

  • Memórias do Cárcere (1953) 

  • Caetés (1933)


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

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Carlos Drummond de Andrade foi um poeta e um pilar da literatura brasileira do século XX, cuja obra continua a inspirar e provocar reflexão. Nascido em Itabira, Minas Gerais, suas raízes mineiras e memórias de infância permeiam boa parte de sua poesia, expressando um vínculo profundo com suas origens, como em Confidência do Itabirano. Formado em Farmácia, nunca exerceu a profissão, mas dedicou-se à literatura e ao serviço público. Sua experiência como funcionário público no Rio de Janeiro conferiu-lhe um olhar crítico e irônico sobre a burocracia e a sociedade.

Drummond foi uma figura central da segunda fase do Modernismo brasileiro, a “Geração de 30”. Sua poesia destaca-se pela liberdade formal, o verso livre e a temática do cotidiano, que ele elevava a um patamar filosófico e universal. O autor explorava a condição humana, a memória, o amor, a passagem do tempo, a política e as grandes questões existenciais com uma linguagem que era simultaneamente coloquial e sofisticada.

A ironia, o humor sutil, a melancolia e a capacidade de transformar o trivial em reflexão profunda são marcas registradas de sua escrita. Apesar de sua fama, Drummond levava uma vida discreta e avessa aos holofotes, preferindo que sua obra falasse por si. Uma curiosidade marcante é sua recusa em se candidatar a uma cadeira na ABL, mostrando que se desinteressava por títulos. Faleceu no Rio de Janeiro em 1987, poucos dias após a morte de sua única filha, Maria Julieta, levando à crença popular de que “morreu de desgosto”. 

Obras de destaque

  • Alguma Poesia (1930)

  • Sentimento do Mundo (1940)

  • A Rosa do Povo (1945)

  • Claro Enigma (1951)
  • A Bolsa e a Vida (1962)

Cora Coralina (1889-1985)

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Foto: Reprodução

Nascida na Cidade de Goiás, em 1889, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que escrevia sob o pseudônimo de Cora Coralina, teve uma vida de desafios. Casou-se, teve seis filhos e, após a morte do marido, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou para sustentar a família. Foi somente aos 75 anos, após retornar à sua casa natal, que publicou seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Esse reconhecimento tardio foi fundamental em sua história, tendo quebrado barreiras e provou que a arte e a criatividade não têm idade, tornando-se um símbolo de perseverança e paixão.

Cora Coralina produziu uma obra marcada pela simplicidade, sabedoria popular e um profundo apego às suas raízes goianas, celebrando o cotidiano, a culinária, a infância e uma memória profunda do Brasil. Sua poesia e prosa são caracterizadas por uma linguagem acessível que se conecta diretamente com as tradições orais e a sabedoria do povo. 

A casa de Cora Coralina na Cidade de Goiás se tornou um museu dedicado à sua memória. 

Obras de destaque

  • Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965)
  • Meu Livro de Cordel (1976)

  • Vintém de Cobre: Meias Novelas (1976)
  • Estórias da Casa Velha da Ponte (1985)
  • Vila Boa de Goiás (2001)

Itamar Vieira Junior (1979-)

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Foto: Reprodução

Itamar Vieira Junior é um importante autor da atualidade, reconhecido por sua abordagem sensível e engajada nas questões sociais e raciais brasileiras. Geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos, sua formação acadêmica reflete os temas de sua literatura, que mergulha nas raízes do Brasil rural.

Nascido em Salvador, Bahia, em 1979, Itamar Vieira Junior ganhou projeção internacional com sua obra, abordando temas como ancestralidade, opressão, luta pela terra e a resiliência das comunidades marginalizadas. Além de escritor, é servidor público do INCRA, o que lhe proporcionou um conhecimento profundo das questões agrárias no Brasil.

Embora tenha publicado as coletâneas de contos Dias (2012) e A Oração do Carrasco (2017), foi com seu romance de estreia, Torto Arado, que Itamar Vieira Junior alcançou um reconhecimento estrondoso e global. Publicado em 2019, a obra foi aclamada por sua narrativa poderosa e pela forma como aborda a realidade de comunidades rurais no interior da Bahia.

Torto Arado conquistou importantes prêmios, como o Prêmio LeYa (2018), o Prêmio Jabuti (2020) e o Prêmio Oceanos (2020). A obra foi traduzida para mais de vinte países e terá adaptação audiovisual, demonstrando seu alcance e relevância.

Obras de destaque

  • Torto Arado (2019)
  • Salvar o Fogo (2023)

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