sábado , 26 de julho 2025

25 de julho é o Dia da Mulher Negra Latino-americana

Veja o que pensam as mulheres negras sobre o 25 de julho quais são as lutas por igualdade na América Latina

No dia 25 de julho, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, uma data para reconhecer as lutas, conquistas e a importância da mulher negra na construção da sociedade. A TVT News destaca o papel fundamental das mulheres negras na luta contra o racismo, o machismo e a desigualdade.

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Dia da Mulher Negra e latino-americana: grandes mulheres negras da história do Brasil

  • Tereza de Benguela: liderou um quilombo por mais de 20 anos no século XVIII e tornou-se símbolo da resistência negra contra a escravidão.
  • Lélia González: pioneira no feminismo negro brasileiro, articulou raça, gênero e classe na luta contra a opressão
  • Conceição Evaristo: escritora e intelectual que transformou a experiência das mulheres negras em literatura e pensamento crítico com a “escrevivência”.
  • Djamila Ribeiro: filósofa que ampliou o debate sobre feminismo negro e promoveu a educação antirracista em escala nacional.
  • Marielle Franco: vereadora carioca que denunciava a violência do Estado e virou símbolo internacional de luta por direitos humanos.
  • Deputada Estadual Ediane Maria: mulher negra, mãe solo de quatro filhos, trabalhadora sem-teto e bissexual, é a primeira empregada doméstica da história eleita na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Por que 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha?

O Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi instituído em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana. O objetivo de marcar essa data é promover a visibilidade e o reconhecimento das lutas e conquistas das mulheres negras em toda a América Latina

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha surgiu como uma resposta à necessidade de unir e fortalecer as mulheres negras contra o racismo, a discriminação e a desigualdade. Em vários países da América Latina e Caribe, além do Brasil, diversas atividades são realizadas para comemorar a data e debater temas relevantes para essa parcela da população, que ainda enfrenta inúmeros desafios tanto sociais quanto econômicos.

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No Brasil, Dia da Mulher Negra Latino-americana também é Dia de Tereza de Benguela

“O dia 25 de julho é muito importante. Eu não me via representada em lutas de outras datas conhecidas, mas que tinham, geralmente, um olhar branco. Mas, há 9 anos, todo 25 de julho, nós fazemos a Marcha das Mulheres Negras nas ruas de São Paulo, com cerca 3 a 7 mil mulheres, que participam de uma programação política, cultural e que também inclui um momento de celebração às nossas ancestrais que participaram das lutas passadas”, conta a jornalista e militante da Marcha das Mulheres Negras, Juliana Gonçalves.

25 de julho é o Dia Nacional de Tereza de Benguela

Além disso, a escolha do dia 25 de julho tem um simbolismo especial, pois coincide com o aniversário de morte de Tereza de Benguela, uma das líderes negras mais importantes na história da resistência à escravidão no Brasil. A data também é reconhecida oficialmente no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, através da Lei nº 12.987, sancionada em 2014, reforçando o compromisso do país com a luta das mulheres negras.

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Tereza de Benguela, a escravizada que se tornou a líder quilombola e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas. Imagem: Wikimedia Commons

“O 25 de julho é uma maneira de vocalizar as vozes apagadas, silenciadas, esquecidas das milhares de mulheres negras latino-americanas que deram seu suor e sangue para erguer nações. É restaurar memórias daquelas que chegaram antes de nós nesta terra para a qual fomos trazidas à força e sofremos tantas violência e resistimos até hoje”, explica a pesquisadora da História da África, Carolina Morais


As lutas das mulheres negras trabalhadoras na América Latina

As mulheres negras trabalhadoras na América Latina enfrentam muitas formas de opressão, resultantes do racismo, do machismo e da desigualdade social promovida por séculos O Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha é um momento para reconhecer e valorizar essas lutas, destacando o papel das mulheres na construção de sociedades mais equitativas.

No mundo do trabalho, as mulheres negras ainda encontram grandes barreiras. O machismo e o racismo estruturais se revelam na disparidade salarial que afetam muitas trabalhadoras, que, ou ocupam posições subalternas, ou recebem salários menores do que seus colegas brancos.  Além disso, as mulheres negras são frequentemente alvo de discriminação e violência, tanto física quanto simbólica.

A jovem negra Iracema Almeida Kemillyn de Faria é um exemplo de luta cotidiana. Aos 25 anos e mãe de um filho de 4 anos, Iracema não conseguiu concluir o ensino médio, está desempregada e na busca diária por renda, diz que tem de “continuar a ser guerreira, como são as mulheres negras”. Moradora do bairro do Bixiga, região central de São Paulo, não tem geladeira em casa e vive um dia por vez. “Como não tenho como estocar comida, quando consigo um ovo, já frito na hora”, relata Iracema.

Movimentos e organizações de mulheres negras em toda a América Latina têm se mobilizado para combater essas injustiças, promovendo campanhas de conscientização e lutando por políticas públicas que garantam direitos a todas e todos.

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As principais lutas do Dia da Mulher Negra incluem a busca por igualdade no mercado de trabalho, o combate à discriminação e violência, e a promoção de políticas públicas que garantam os direitos das mulheres negras Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A fundadora do Coletivo Samba Quilomba, organização que debate sobre racismo, machismo, homofobia e questões ligadas ao gênero e preconceito nas escolas de samba, Lyllian Bragança, afirma que o que a fortalece é saber que “a cada palavra que desmistificamos e que trazemos luz para debates importantes sobre nossos corpos, conseguimos fazer com que a juventude das meninas negras que acessam hoje as universidades tenham mais fórmulas para processar pensamentos críticos”, conta Lyllian.

O Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha também é uma oportunidade para relembrar as conquistas e a resistência. Em meio às adversidades, as mulheres têm conseguido avanços significativos em diversas áreas, incluindo educação, cultura e política e empreendedorismo.

Essas vitórias são fruto de lutas contínuas e organizadas, que merecem ser reconhecidas e apoiadas por toda a sociedade. “Ser mulher negra no Brasil para mim, hoje, é ter a possibilidade de apontar caminhos reais para a formação de uma outra sociedade menos desigual, menos predatória, menos exploratória. É falar a partir de uma potência de transformação para todas e tods”, aponta Juliana Gonçalves.

Dia da Mulher Negra: por que o 25 de julho ainda não é tão conhecido?

Apesar de ter iniciado em 1992, foi só no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2014, que o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi oficializado como celebração aqui no Brasil. No entanto, ainda não é tão conhecido e difundido.

Para a historiadora e especialista em Relações Étnico-Raciais, Mônica Farias, isso pode ser explicado pela junção da ausência da cobertura dos meios de comunicação e falta de políticas públicas, incluindo o sistema educacional. “As narrações históricas predominantes muitas vezes invisibilizam as contribuições das mulheres negras, como por exemplo, contar a história de quem foi Teresa de Benguela”, explica a historiadora.

A pesquisadora Carolina Morais entende que ainda há muito trabalho para estabelecer diálogo com as pessoas que não estão diretamente envolvidas com a temática racial. “Esse é um caminho irremediável que todos nós, negros e brancos, precisamos atravessar juntos. Não basta as mulheres negras falarem, gritarem sua história, é preciso que elas sejam ouvidas e acolhidas por todas e todos”, convida Carolina.

Para ler sobre o Dia da Mulher Negra Latino-americana e  Caribenha

Há muitas obras que retratam a luta das mulheres negras contra o racismo e o machismo. A reportagem da TNT destaca duas leituras: um romance e uma coletânea de artigos.

Um defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves (Record). Já considerado pela crítica e pelo público um dos principais livros da literatura brasileira, Um defeito de cor conta a história de Kehinde, desde o sequestro na África até os horrores da escravidão no Brasil. O romance  tem tantos detalhes que você sente o cheiro nauseabundo do navio negreiro e não consegue conter as lágrimas com os crimes que foram cometidos contra os escravizados. O livro inspirou o samba enredo da escola de samba Portela, em 2024.

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A eleição começou às 16h e contou com urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio. Ana Maria Gonçalves recebeu 30 dos 31 votos possíveis. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por um feminismo afro latino americano, de Lélia Gonzalez (Zahar). Coletânea de artigos escritos por uma das mais importantes intelectuais negras brasileiras, que cunhou o termo feminismo afro-latino-americano. A leitura é fundamental para entender como o machismo e o racismo são estruturais nas sociedades latino-americanas, ainda profundamente marcadas pelas consequências do colonialismo.

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A brasileira Lélia Gonzalez | Crédito: Acervo Família Lélia Gonzalez

FAQ – Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha

O que é o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha?
O Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, foi instituído em 1992 para promover a visibilidade e o reconhecimento das lutas das mulheres negras contra o racismo e a desigualdade.
Por que o 25 de julho foi escolhido para ser o dia da mulher negra?
O 25 de julho foi escolhido durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. No Brasil,  também marca o aniversário de morte de Tereza de Benguela, uma líder negra histórica.
Quais são as principais lutas das mulheres negras na América Latina?
As principais lutas incluem a busca por igualdade no mercado de trabalho, o combate à discriminação e violência, e a promoção de políticas públicas que garantam os direitos das mulheres negras.
Como posso me engajar na luta pela igualdade étnica?
Existem diversas maneiras de se engajar na luta pela igualdade étnica e racial. Você pode começar aprendendo mais sobre o racismo estrutural e o machismo, apoiando organizações que defendem os direitos das mulheres negras e participando de ações e eventos que promovem a igualdade racial.

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