O “Príncipe das Trevas” foi pioneiro no heavy metal ao lado do Black Sabbath
O rock se despede de uma de suas estrelas nesta terça-feira (22). Ozzy Osbourne, o lendário vocalista do Black Sabbath, faleceu aos 76 anos. A notícia foi dada por sua família, que declarou que “com mais tristeza do que meras palavras podem expressar” o apelidado Príncipe das Trevas faleceu “cercado de amor” da sua família. A causa da morte não foi divulgada, mas Ozzy lutava contra a doença de Parkinson desde 2019. Relembre a carreira e o legado de Ozzy Osbourne na TVT News.
A despedida gloriosa no último show do Black Sabbath
A partida de Ozzy acontece apenas duas semanas após uma performance histórica. Em 5 de julho, o vocalista subiu ao palco do Villa Park, em sua cidade natal, Birmingham, para o último show do Black Sabbath. Intitulado Back to the Beginning, o evento marcou a primeira apresentação da banda em 20 anos.
Visivelmente frágil, Ozzy permaneceu sentado em seu “trono” durante boa parte do espetáculo, mas sua voz, embora oscilando em alguns momentos, manteve a força característica que o consagrou. Osbourne presenteou os 40 mil fãs do show e os milhões que assistiram à transmissão ao vivo, com cinco músicas de sua carreira solo, antes de ser acompanhado por seus companheiros de banda, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward. Juntos, eles tocaram mais quatro clássicos, encerrando a noite épica com a atemporal Paranoid de 1970.
O show, que além do tributo à sua carreira, ainda arrecadou cerca de 190 milhões de dólares para caridade. Para Ronnie Wood, atual guitarrista dos Rolling Stones, a apresentação foi “um lindo show de despedida”.

John Michael Osbourne, o Ozzy
Nascido John Michael Osbourne em 3 de dezembro de 1948, em Aston, Birmingham, o futuro ícone do rock foi apelidado de “Ozzy” ainda na escola primária. Sua infância foi marcada por desafios, como uma dislexia não diagnosticada e uma tentativa de suicídio enquanto adolescente. Ozzy também relatou que foi abusado por garotos mais velhos e “valentões” quando tinha 11 anos.
Aos 15, Ozzy deixou a escola e passou por trabalhos temporários em fábricas, construções e até num abatedouro. Osbourne chegou a passar seis semanas na prisão aos 17 anos por furto, depois que seu pai se recusou a pagar a fiança. Mas também foi seu pai que o presenteou com um microfone, demonstrando apoio para que o filho se direcionasse à música. A inspiração chegou com a canção She Loves You, dos Beatles, que pavimentaram o caminho para uma das carreiras mais influentes da história do rock.
Black Sabbath e uma carreira solo estrondosa
Entre 1968 e 1969, Ozzy se uniu a Geezer Butler, Tony Iommi e Bill Ward para formar o Black Sabbath, banda que não apenas o catapultou à fama, mas também é creditada como a pioneira do heavy metal. Com letras mórbidas e uma imagem sombria, Ozzy ganhou o apelido de “Príncipe das Trevas”. Álbuns como Paranoid (1970) e Master of Reality (1971) definiram o som do gênero musical.
Apesar de ter sido demitido da banda em 1979 devido ao abuso de álcool e drogas, ele se reuniu com o Sabbath para o aclamado álbum 13 em 2013, que alcançou o topo das paradas no Reino Unido e nos EUA. Em 2006, Ozzy foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame como membro do Black Sabbath.
Sua carreira solo, lançada após a saída do Sabbath, superou comercialmente sua antiga banda, muito graças à visão de sua esposa e empresária, Sharon Osbourne. Seu single de estreia, Crazy Train (1980), permanece uma de suas músicas mais famosas. Ozzy também foi crucial na descoberta de guitarristas renomados como Randy Rhoads e Zakk Wylde. No total, Osbourne vendeu mais de 100 milhões de álbuns. A estrela teve até um festival em sua homenagem: em 1996, Sharon criou o Ozzfest, festival de heavy metal que se tornou sucesso e ajudou a impulsionar inúmeras bandas.

De estrela do rock à estrela de reality show
No início dos anos 2000, Ozzy e sua família invadiram as telas com o reality show The Osbournes na MTV. O programa, que mostrava as vidas caóticas e hilárias da família em Los Angeles, incluindo Sharon e os filhos Kelly e Jack, se tornou um fenômeno, ganhando um Emmy em 2002. Embora o programa o apresentasse como um pai desajeitado, mas amoroso, a família posteriormente afirmou que a experiência foi “traumatizante”, levando a problemas com drogas para os filhos e até um câncer para Sharon.
Controversos e inesquecíveis: os momentos selvagens de Ozzy
Ozzy era tão conhecido por sua música quanto por seu comportamento excêntrico e muitas vezes controverso. Seus shows eram energéticos e imprevisíveis, com uma disposição para ultrapassar limites, especialmente sob a influência de drogas e álcool. Momentos infames incluem morder a cabeça de um morcego (que ele alegou ter pensado ser um brinquedo) em um show de 1982 e a cabeça de uma pomba viva em uma reunião com executivos da gravadora em 1981.
Em 1982, ele foi preso no Texas por urinar em um memorial que homenageava os mortos na Batalha do Álamo, sendo banido da cidade por uma década. Ozzy atribuiu muitos desses atos a estados de profunda intoxicação, lutando a vida toda contra o vício em drogas e álcool, com períodos de sobriedade e recaídas.
Sua vida pessoal também foi marcada por turbulências, incluindo um relacionamento tumultuado com Sharon, que o levou a ser preso em 1989 por tentativa de assassinato após uma briga. As acusações foram retiradas, mas ele foi obrigado a fazer seis meses de reabilitação.

Vida plena, legado eterno
Ozzy Osbourne deixa sua esposa Sharon, seus filhos Aimee, Kelly e Jack; Jessica e Louis, de seu primeiro casamento, assim como um filho adotivo, Eliot, e mais dez netos.
Nos últimos anos, apesar de ter anunciado o fim de suas turnês em 2023 devido a problemas de saúde e mobilidade, sua voz permaneceu forte. Pouco antes de sua morte, sua filha Kelly Osbourne desmentiu rumores de que ele estaria morrendo, esclarecendo que ele tinha Parkinson, mas não estava em seu leito de morte. No final da vida, o Príncipe das Trevas expressou um crescente apreço por sua vida “inacreditável” e buscou novamente a sobriedade.
A vida de Ozzy Osbourne pode ser comparada a um rio selvagem e turbulento: apesar de desvios imprevisíveis, correu com uma força inegável, esculpindo uma paisagem única na música e no entretenimento, para, no fim, encontrar a calmaria. Seu legado como uma das maiores lendas do rock viverá para sempre.