O presidente Lula participa na manhã desta segunda-feira (21), em Santiago, no Chile, da reunião de alto nível sobre defesa da democracia, organizada pelo presidente chileno, Gabriel Boric. Também participam os líderes da Colômbia, Gustavo Petro, do Uruguai, Yamandú Orsi, e o espanhol Pedro Sánchez. Saiba mais em TVT News.
Logo após a fotografia oficial, no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, acontece a reunião reservada entre os presidentes dos cinco países. O encontro desta segunda-feira é a continuação de outro, sobre a “Defesa da democracia, combatendo o extremismo”, realizado em setembro do ano passado, convocado pelos presidentes do Brasil e da Espanha. Outra edição do encontro deve se repetir na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, está com a comitiva brasileira. A pauta terá três eixos centrais: a defesa da democracia e do multilateralismo; o combate às desigualdades; e as tecnologias digitais e o enfrentamento à desinformação.
A reunião ocorre em meio a escalada de tensão entre Brasil e Estados Unidos. Na última sexta-feira (18), o Secretário de Estado de Donald Trump, Marco Rubio, anunciou o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.
No artigo dos cinco presidentes, os líderes alertam que “a democracia enfrenta um momento de grandes desafios”, em diferentes partes do mundo, e que “não basta evocar a democracia”, mas é necessário “fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas”.
Depois da reunião de líderes, na manhã desta segunda, a declaração conjunta será dada para a imprensa. À tarde, Lula almoça com intelectuais e grupos de reflexão sobre políticas públicas. Depois, deve se encontrar com representantes da sociedade civil. No final da tarde, Lula embarca de volta para Brasília.

Lula e outros líderes divulgam carta sobre democracia
Na véspera da Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, os presidentes de Brasil, Espanha, Chile, Uruguai e Colômbia divulgaram o seguinte artigo:
Em diferentes partes do mundo, a democracia enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.
Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.
Esse é o princípio que convoca os governos do Chile, Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, a ser realizada em Santiago no próximo dia 21 de julho.
Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante. Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum.
Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora.
Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada.
Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo.
Com informações de Agência Brasil.