Levantamento revela empate técnico entre aprovação e desaprovação de Lula após ataques de Trump e da família Bolsonaro contra o Brasil
Pesquisa divulgada nesta hoje (15) pelo instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg revela que 61,1% dos brasileiros consideram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa o Brasil no cenário internacional melhor do que seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). O número cresceu significativamente em relação a novembro de 2023, quando o índice era de 51%. Entenda tudo na TVT News.
O dado surge em um momento de crise diplomática após o ex-presidente extremista dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano, medida que teve apoio explícito (e articulação ativa) da família Bolsonaro.
O cenário internacional impactou diretamente a avaliação do presidente brasileiro, cuja aprovação e desaprovação estão agora tecnicamente empatadas: 49,7% dizem aprovar Lula, enquanto 50,3% o desaprovam. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa ouviu 2.841 eleitores brasileiros entre os dias 11 e 13 de julho. Pela primeira vez, todos os entrevistados souberam responder, diferentemente de julho de 2024, quando 4,8% disseram não saber avaliar o governo.
A desaprovação ao presidente também caiu desde a última pesquisa e hoje encontra-se em cenário de empate técnico com a aprovação. Desaprovam 50,3% e aprovam 49,7%.
Lula e política externa
Apesar do cenário doméstico dividido, a condução da política externa por Lula é bem vista por 60,2% dos entrevistados, contra 38,9% que a desaprovam. Parte desse apoio parece estar relacionado à postura altiva adotada pelo governo diante do aumento das tarifas por parte dos EUA.
Para 44,8% dos brasileiros, a resposta do governo, que incluiu a assinatura de um decreto regulamentando a chamada Lei da Reciprocidade, foi adequada. O decreto prevê medidas de retaliação e cria um comitê com empresários para tratar do tema. Outros 27,5% classificaram a resposta como “agressiva”, enquanto 25,2% a consideraram “fraca”.
A reação da população às tarifas impostas por Trump também foi majoritariamente crítica. Para 62,2% dos entrevistados, as medidas são “injustificadas”. Outros 36,8% veem alguma justificativa possível, enquanto apenas 3,5% acreditam que houve um desejo genuíno de tornar o comércio bilateral mais justo para os EUA.
Quando questionados sobre as motivações por trás das tarifas, 40,9% veem as medidas como uma retaliação à atuação do Brasil nos Brics. Já 36,9% acreditam que a família Bolsonaro influenciou diretamente Trump, enquanto 16,8% endossam a justificativa oficial do ex-presidente norte-americano, de que as medidas respondem a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre plataformas de redes sociais.
Soberania em pauta
Sobre a soberania brasileira, o país também se mostra dividido. Para 50,3% dos entrevistados, as justificativas de Trump representam uma ameaça à autonomia nacional; outros 47,8% discordam.
Relações internacionais
O levantamento também buscou entender como os brasileiros avaliam a proximidade do país com diferentes nações. A relação com os Estados Unidos é vista como equilibrada por 39%, mas 48% gostariam de uma aproximação maior. Apenas 13% consideram que o Brasil está “mais próximo do que deveria” da potência norte-americana.
No caso da China, 51% aprovam o atual grau de proximidade, 34% acham que há um excesso e 16% desejam relações mais estreitas. Já a Argentina é o país com maior demanda por aproximação: 54% avaliam que o Brasil está “menos próximo do que deveria” do vizinho sul-americano.
Dados da pesquisa AtlasIntel/Bloomberg
- Aprovação de Lula: 49,7%
- Desaprovação de Lula: 50,3%
- Política externa de Lula aprovada por: 60,2%
- Lula representa melhor o Brasil no exterior do que Bolsonaro para: 61,1%
- Resposta do governo às tarifas de Trump:
- Adequada: 44,8%
- Agressiva: 27,5%
- Fraca: 25,2%
- Sobre as tarifas:
- Injustificadas: 62,2%
- Justificadas: 36,8%
- Motivações atribuídas às tarifas:
- Retaliação aos Brics: 40,9%
- Influência da família Bolsonaro: 36,9%
- STF e redes sociais: 16,8%
- Comércio justo: 3,5%
- Trump ameaça soberania brasileira segundo: 50,3%
- Relação Brasil-EUA:
- Próxima o suficiente: 39%
- Deveria ser mais próxima: 48%
- É próxima demais: 13%
- Relação Brasil-China:
- Apropriada: 51%
- Próxima demais: 34%
- Deveria ser mais próxima: 16%
- Relação Brasil-Argentina:
- Deveria ser mais próxima: 54%