quinta-feira , 3 de julho 2025

campanha por justiça engaja progressistas

Alinhamento político e uso criativo de IA, têm ampliado o alcance das pautas que interessam para o povo e que os super-ricos tentam boicotar

O campo progressista ganhou fôlego nas redes sociais nas últimas semanas ao intensificar a campanha pela taxação dos super-ricos, dos bancos e das apostas, a apelidada “taxação BBB, bilionários, bancos e bets”. Entenda na TVT News.

A estratégia comunicacional, que combina alinhamento político com o uso criativo de inteligência artificial, têm ampliado o alcance das pautas do governo Lula que beneficiam o povo e tensionado o embate entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional dominado por forças que defendem interesses de 1% da população.


As campanhas buscam alertar a população sobre o que está em jogo, quais forças defendem apenas os super-ricos e que o governo enfrenta muitas dificuldades no Congresso (dominado pela direita e por interesses empresariais) em emplacar pautas que ajudem o povo.


Segundo levantamento da consultoria Bites, divulgada pela Folha de S.Paulo, entre os dias 25 de junho e 1º de julho, deputados governistas publicaram mais de mil postagens sobre a pauta tributária. Os conteúdos geraram cerca de 2,3 milhões de interações em redes como Instagram, Facebook e X (antigo Twitter). O movimento ganhou impulso após o Congresso, com apoio até de partidos do campo centro-esquerdista como PDT e PSB, derrubar o decreto presidencial que aumentava o IOF para os mais ricos, medida que integrava os esforços do governo por maior justiça fiscal. Influenciadores também começaram a divulgar conteúdos correlatos.

A reação do governo foi imediata além da campanha “Taxação BBB”. Com apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), o Planalto recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de restabelecer o decreto. Mas foi no campo simbólico e comunicacional que o governo mais investiu: vídeos curtos, com estética popular e produção de qualidade, tomaram conta dos perfis progressistas. Um dos mais emblemáticos, o “Boteco do Brasa”, ironiza os privilégios de uma elite que consome lagosta e champagne e quer dividir a conta igualmente com quem come coxinha. O conteúdo ultrapassou 2 milhões de visualizações no Instagram.

Bons argumentos pela taxação BBB

Para Altamiro Borges, o Miro, jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a virada de chave foi política: “Finalmente temos uma linha política. Essas ações conseguiram unificar as redes e permitiram uma ofensiva do campo popular. A direita ficou encolhida”, afirmou. “É uma campanha bem feita e bem argumentada. Por que quem come caviar não pode pagar mais imposto do que quem come coxinha?”

Segundo Borges, a inteligência artificial tem sido um recurso fundamental nessa nova etapa da comunicação de esquerda. “Essa tecnologia é genialidade humana apropriada pelo capital para dar lucro. Mas também pode ser instrumento da luta social. Não dá para deixar esses instrumentos nas mãos da direita, que se reúne com Google, Meta. Temos que usar para disputar ideias na sociedade”, argumenta.


A ofensiva digital tem como pano de fundo uma disputa entre o governo em defesa do povo e setores do Congresso em defesa dos ricos ou puramente em oposição a Lula.


A oposição, centrada sobretudo no Centrão e na direita, tem rebatido a campanha governista afirmando que o discurso da “luta de classes” alimenta a polarização. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou o governo nas redes, afirmando que “quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos”.

Mas a fala não impediu a multiplicação de vídeos parodiando parlamentares. Em um deles, Hugo Motta é retratado como “Hugo nem se importa”, personagem que ironiza gastos públicos em jantares de luxo e termina bebendo uísque no gargalo. O conteúdo, compartilhado por páginas como “Brasil Satira do Poder”, caiu nas graças de apoiadores do governo e ajudou a consolidar o Congresso como símbolo dos privilégios que o governo diz enfrentar.

Esquerda nas redes

Para Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação do PT, a estratégia vem sendo aperfeiçoada. “Agora temos uma coesão no governo, no partido e nos setores progressistas. A linha é clara: fazer o andar de cima pagar imposto. E vamos colocar dois novos vídeos por semana no ar”, afirmou.

A mobilização também tem um viés de rua. Deputado federal e pré-candidato a cargo no governo, Guilherme Boulos (PSOL-SP) convocou um ato para o próximo dia 10 no vão do MASP, em São Paulo, sob o mote “Centrão inimigo do povo”. Em vídeo postado nas redes, Boulos reforça a narrativa: “Não é uma briga política ou partidária. É a elite, junto com a direita e o centrão, se unindo contra o povo brasileiro”.

Embora ainda longe do domínio da direita digital, os números mostram que a esquerda começa a se reorganizar nesse campo com a campanha “Taxação BBB”. “De janeiro a maio, políticos de direita tiveram 1,4 bilhão de interações nas redes. A esquerda, 417 milhões. É uma surra. Mas dá para reverter. Precisamos de linha política, bons conteúdos e uso das ferramentas disponíveis”, resume Altamiro Borges. “É possível respirar nesse ambiente onde sempre perdemos.”

A aposta do governo com a Taxação BBB é clara: politizar o debate tributário, colocar a elite econômica no centro da disputa simbólica e reverter a lógica regressiva que marca a cobrança de impostos no Brasil.

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