quinta-feira , 19 de junho 2025

Moraes retira sigilo de relatório da PF

Jair Bolsonaro é apontado como integrante do “centro decisório” do esquema ilegal de espionagem

Nesta quarta-feira (18), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do relatório da Polícia Federal (PF) sobre a “Abin paralela”, o esquema que envolvia espionagem ilegal de pessoas consideradas, pelo governo Bolsonaro, como adversárias. Saiba mais em TVT News.

Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) são apontados como potenciais integrantes do “núcleo político” da Abin paralela. De acordo com a PF, esse grupo incluía outras “figuras de alto escalão do governo à época” e era responsável por determinar os alvos das ações clandestinas e se beneficiar politicamente das operações. O relatório define o grupo como o “centro decisório e o principal destinatário das ‘vantagens ilícitas’”.

De acordo com a investigação, o “núcleo de execução” era liderado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da Abin. Ramagem estruturou o esquema de espionagem ilegal de pessoas consideradas adversárias pelo ex-presidente, segundo a investigação. A PF diz que os integrantes desse grupo executavam diretamente as ações clandestinas em benefício do núcleo político, do qual Bolsonaro e seu filho faziam parte.

Ex-presidente-Jair-Bolsonaro. — Foto:-Antonio-Augusto-/-STF-tvt-news
Bolsonaro é apontado como dos principais destinatários de ações da Abin paralela no relatório da PF. Foto: Antonio Augusto/STF

A atual direção da Abin teria agido para atrapalhar as apurações, que se desenrolaram sob o governo Lula. Luiz Fernando Correa, atual diretor-geral, é apontado como integrante do “núcleo de embaraçamento da investigação”, junto com funcionários atuais e antigos da agência.

De acordo com a PF, o grupo atuou para “dificultar as investigações sobre a Orcrim [organização criminosa]”, por meio de “ações para assediar e desacreditar a ex-Corregedora, omissão sobre operações ilegais e potencial manipulação de informações e procedimentos internos”.

O relatório conclui que há “indícios suficientes de autoria e prova de materialidade” dos crimes cometidos. Segundo a PF, “as diligências policiais realizadas resultaram na identificação de organização criminosa responsável pela apropriação da Abin”.

De acordo com o STF, a decisão de retirar o sigilo foi tomada após a constatação de vazamentos seletivos de trechos do relatório policial, que resultaram em matérias contraditórias na imprensa. Para Moraes, a continuidade de vazamentos seletivos pode prejudicar a instrução processual. Foi mantido o sigilo apenas das petições relacionadas a dados bancários e fiscais dos investigados.

O que é a Abin paralela

A Polícia Federal investiga um esquema de espionagem ilegal que ocorreu na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo Bolsonaro. Os investigadores apontam que a agência foi utilizada para fins políticos e pessoais de Bolsonaro e seus aliados.

A investigação da Abin paralela começou após reportagem publicada pelo jornal “O Globo” em 14 de março de 2023, em que a agência confirmava o uso de um programa secreto para monitorar alvos específicos. Em 12 de junho de 2025, a PF encaminhou o relatório final da investigação ao STF.

Em 12 de junho, o relatório da PF foi entregue ao STF com o indiciamento de 36 pessoas, dentre elas o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Abin. Apesar de ser mencionado no documento, Jair Bolsonaro não está na lista de indiciados, porque já está sendo indiciado no inquérito do golpe.

Crédito do Matéria

Confira também

Hoje é o Dia do Cinema Brasileiro: relembre a história do cinema no país

O cinema no Brasil existe há pelo menos 129 anos. Em 8 de julho de …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *