quinta-feira , 12 de junho 2025

Los Angeles, sob toque de recolher, vive ataques de Trump

Trump segue escalando a intervenção militar em Los Angeles. Autoridades da Califórnia e manifestantes cobram respeito da autoridade federal

A cidade de Los Angeles vive dias de cerco de tropas federais e revolta nas ruas. Os resultados são confrontos constantes, particularmente após o envio de tropas da Guarda Nacional por ordem do presidente Donald Trump. Entenda na TVT News.

O envio das tropas federais começou como um ato autoritário e de desrespeito do extremista Trump contra o governador da Califórnia, Gavin Newsom. Sob justificativa de controlar protestos, o presidente federalizou a Guarda, uma manobra que concentra forças militares sob seu comando, à revelia do governo local.

Os protestos começaram contra batidas do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE). O estopim foi uma operação do ICE na última sexta-feira (6), que teve como alvo trabalhadores migrantes, gerando revolta popular e reações em cadeia em várias cidades do país. As cenas são assustadoras. Policiais tirando crianças de suas mães para prendê-las, deixando seus filhos nas ruas.

A mobilização começou pacífica em defesa da comunidade latina e imigrante, mas rapidamente evoluiu para confrontos com a polícia e centenas de prisões. Desde sábado, mais de uma centena de pessoas foram detidas, número que chegou a 197 na noite de terça-feira (10), segundo autoridades locais.

Toque de recolher

Diante da escalada de violência, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, decretou toque de recolher a partir das 20h (meia-noite no horário de Brasília) na região central da cidade, onde se concentram os protestos. A medida deve durar vários dias e atinge uma área de aproximadamente 2,5 km². “Pedimos que a população continue expressando sua insatisfação, mas de forma pacífica. O que vemos é um pequeno grupo promovendo atos de vandalismo”, afirmou Bass.

Enquanto isso, a resposta federal foi considerada desproporcional por autoridades locais. O presidente Trump mobilizou cerca de 4 mil integrantes da Guarda Nacional e outros 700 fuzileiros navais (Marines), mesmo diante da oposição do governador da Califórnia e da prefeita de Los Angeles. Em pronunciamento, Newsom acusou Trump de “fabricar uma crise” e violar a soberania estadual.

Autoridades da Califórnia

A ação federal gerou indignação entre senadores e juristas. Adam Schiff e Alex Padilla, senadores democratas da Califórnia, divulgaram nota afirmando que “tropas em serviço ativo só devem ser mobilizadas em situações extremas”, o que, segundo eles, não se configura no cenário atual.

O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, entrou com ação judicial para impedir que os militares acompanhem operações do ICE ou realizem atividades de policiamento. Uma audiência está marcada para quinta-feira (12).

Do lado da Casa Branca, o governo Trump chegou até a cogitar a prisão do governador do estado, além de atacá-lo sistematicamente com xingamentos e ofensas, típico do estilo autoritário do mandatário.

Trump contra Los Angeles

A Constituição norte-americana limita a atuação das Forças Armadas em funções de segurança pública. Mas Trump defende sua decisão. Em discurso na Carolina do Norte, ele declarou que a situação em Los Angeles é uma “ameaça à soberania nacional” e insinuou a possibilidade de invocar a Lei de Insurreição, dispositivo de 1807 que permite o envio de tropas federais sem o aval estadual em casos de rebelião.

“Se eu não tivesse enviado tropas para Los Angeles nas últimas três noites, a cidade estaria em chamas agora”, afirmou o presidente em postagem na rede X. “Estamos usando todos os recursos para restaurar a lei e a ordem.” Em entrevista, Trump ainda sugeriu que o governador Newsom poderia ser responsabilizado por omissão.

Imprensa sob ataque

Durante os confrontos, a polícia usou armas chamadas de “menos letais”, como balas de borracha, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e granadas de pimenta. Veículos elétricos autônomos foram incendiados, coquetéis molotov foram lançados contra policiais e mais de 23 estabelecimentos comerciais foram saqueados, segundo a prefeitura.

O correspondente da CNN, Nick Watt, e sua equipe foram detidos por policiais durante a cobertura das manifestações, mesmo após se identificarem com credenciais de imprensa. Quatro agentes de segurança da rede também foram detidos por horas, antes de serem liberados.

Prisões e escalada

A prisão do líder sindical David Huerta na sexta-feira inflamou ainda mais os protestos. Ele foi acusado de conspiração para obstruir o trabalho de um oficial federal, crime que pode render até seis anos de prisão. Após três dias detido, Huerta foi libertado mediante fiança de US$ 50 mil, mas o processo contra ele continua.

Enquanto o governo federal insiste na narrativa de caos e insurreição, a realidade em boa parte de Los Angeles segue normal. No entanto, nas redes sociais, vídeos de confrontos e incêndios se espalham rapidamente, alimentando um cenário de desinformação e pânico. Especialistas alertam para a distorção entre percepção digital e vivência cotidiana.

Em outras cidades dos EUA, manifestações começam a ser registradas, com cartazes exigindo o fim das operações do ICE e exaltando a contribuição dos imigrantes. Em Chicago, Nova York e San Francisco, milhares foram às ruas sob palavras de ordem como “O povo diz: fora ICE” e “Imigrantes construíram os EUA”.

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