O México realizou neste domingo (1º) sua primeira eleição popular para cargos do Poder Judiciário, incluindo ministros da Suprema Corte, magistrados e juízes federais. Veja em TVT News.
A votação, considerada inédita no país e rara no mundo, foi marcada por baixa participação e intensos debates sobre sua legitimidade e impacto na independência judicial.
A reforma judicial, aprovada em setembro de 2024 durante o governo de Andrés Manuel López Obrador, estabeleceu a eleição direta de mais de 6.500 cargos judiciais, abrangendo desde os nove ministros da Suprema Corte até juízes distritais e magistrados de circuito. A medida também criou o Tribunal de Disciplina Judicial, substituindo o Conselho da Magistratura Federal, e reduziu o número de ministros da Suprema Corte de 11 para 9, com mandatos de 12 anos.
Apesar de pesquisas indicarem apoio popular à reforma, a participação nas urnas foi estimada entre 12,57% e 13,32% dos 100 milhões de eleitores, conforme dados do Instituto Nacional Eleitoral (INE). A baixa adesão foi atribuída à complexidade do processo, com cerca de 7.700 candidatos disputando 2.600 cargos, e à falta de conhecimento dos eleitores sobre os postulantes.
A presidenta Claudia Sheinbaum defendeu a eleição como um passo histórico para democratizar o Judiciário e combater a corrupção. “O regime de corrupção e privilégios se torna cada vez mais uma coisa do passado”, afirmou em suas redes sociais. No entanto, críticos argumentam que a medida pode comprometer a independência judicial e facilitar a influência do crime organizado, especialmente diante de denúncias de candidatos com antecedentes criminais.
A oposição, liderada por partidos como PAN e PRI, criticou o processo, chamando-o de “farsa” e questionando sua legitimidade devido à baixa participação e à falta de debate público. Protestos ocorreram em várias cidades, com manifestantes denunciando a politização do Judiciário e pedindo a revogação da reforma.
A eleição também trouxe à tona o papel de Andrés Manuel López Beltrán, filho do ex-presidente López Obrador, que liderou as operações eleitorais do partido Morena, mobilizando eleitores das camadas populares.
O processo de apuração dos votos deve ser concluído até 15 de junho, enquanto o INE investiga 23 denúncias de possíveis crimes eleitorais. A eleição marca um momento decisivo para o México, com o futuro do Judiciário e a consolidação democrática em jogo.
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