Uruguaio, carismático, líder da esquerda na América Latina, morreu aos 89 anos
Pepe Mujica, histórico nome da esquerda da América Latina, faleceu no Uruguai. Veja detalhes na TVT News.
América Latina se despede de Pepe Mujica
O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica faleceu neste dia 13, aos 89 anos, encerrando uma trajetória marcada por coerência, humildade e compromisso inabalável com a justiça social. Desde segunda-feira (12), ele já estava em cuidados paliativos, em estado terminal, como adiantou sua esposa Lucía Topolansky.

Figura emblemática da esquerda latino-americana, Mujica enfrentava um câncer de esôfago que se espalhou para o fígado, agravado por doenças crônicas que impediam tratamentos agressivos. Em janeiro de 2025, anunciou publicamente sua decisão de não prosseguir com terapias, afirmando: “Estou morrendo. O guerreiro tem direito ao descanso” .

Da guerrilha à presidência: uma vida de luta e coerência
Mujica iniciou sua militância como guerrilheiro Tupamaro nos anos 1960, combatendo a ditadura uruguaia. Preso por 13 anos sob condições desumanas, emergiu do cárcere com uma visão transformadora sobre a política e a democracia. Após a redemocratização, dedicou-se à vida institucional, sendo eleito deputado, senador e, finalmente, presidente do Uruguai entre 2010 e 2015.
Durante seu mandato, implementou reformas progressistas, como a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da maconha, tornando o Uruguai um modelo de vanguarda social. Recusou luxos do cargo, vivendo em sua chácara no Cerro de Montevidéu, dirigindo um Fusca e doando grande parte de seu salário a instituições de caridade. Sua vida simples e discurso direto o tornaram conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”.


Mujica: valores e humildade
Mesmo diante da morte, Mujica manteve sua serenidade e lucidez. Em suas últimas declarações públicas, destacou a importância da democracia e do respeito às diferenças: “É fácil ter respeito por quem pensa como você, mas é preciso aprender que a base da democracia é o respeito por aqueles que pensam diferente”.
Em sua última entrevista, à revista Búsqueda, Mujica anunciou que não faria mais tratamento para o câncer e pediu para ser deixado em paz: “Estou morrendo. Só quero que não me peçam mais entrevistas, nem mais nada. Acabou o meu ciclo”.

Desejou ser enterrado em sua chácara, ao lado de sua cadela Manuela, sob uma sequoia que plantou. “Vou morrer aqui. Tem uma sequoia grande lá fora. Manuela está enterrada lá. Estou preenchendo a papelada para que eles possam me enterrar lá também”, revelou.
Nos últimos meses, Mujica recebeu homenagens de líderes como Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, que lhe concederam as mais altas honrarias de seus países. Artistas como Silvio Rodríguez, Joaquín Sabina e Joan Manuel Serrat também prestaram tributos, destacando sua influência além da política.


Mujica: exemplo para sempre
José “Pepe” Mujica deixa um legado que transcende fronteiras e ideologias. Sua vida foi um testemunho de que é possível fazer política com ética, empatia e compromisso com os mais vulneráveis. Ao escolher a simplicidade e a coerência, inspirou gerações a acreditar em uma política mais humana e justa.
“Tudo aconteceu comigo. Depois virei presidente. Então, tenho que agradecer à vida”, disse em uma de suas últimas entrevistas .
Que sua memória continue a iluminar os caminhos daqueles que lutam por um mundo mais solidário e igualitário.
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