sexta-feira , 25 de abril 2025

2 vítimas da ditadura militar são identificadas

As ossadas de Dênis Casemiro e Grenaldo de Jesus da Silva foram encontradas após análises genéticas

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou nesta quarta-feira (16) a identificação de dois desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar, enterrados na Vala de Perus, na zona Norte de São Paulo. Saiba mais em TVT News.

O trabalho é fruto de parceria da CEMPD com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — por meio do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) — e a Prefeitura de São Paulo.

Identificação das vítimas

O Projeto Perus identificou remanescentes osséos de Dênis Casemiro e Grenaldo de Jesus da Silva na vala clandestina. Por meio de análises genéticas nos restos mortais, foi possível comprovar a identidade das vítimas.

Grenaldo nasceu em São Luís, no Maranhão, e era militar da Marinha brasileira. Foi preso em 1964 e expulso da instituição enquanto reivindicava melhores condições de trabalho. Chegou a fugir da prisão e viver na clandestinidade, mas foi executado em 30 de maio de 1972 ao tentar sequestrar uma aeronave no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Documentos do IML registraram que Grenaldo teria cometido suicídio e sido sepultado em 1º de junho de 1972, no Cemitério Dom Bosco, como “indigente”. Grenaldo constava como desaparecido até ter seus remanescentes ósseos identificados na Vala de Perus.

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Grenaldo de Jesus da Silva. Foto: Comissão da Verdade do Estado de São Paulo
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Dênis Casemiro. Foto: Comissão da Verdade do Estado de São Paulo

Já Dênis Casemiro nasceu em Votuporanga, em São Paulo, foi pedreiro e trabalhador rural e atuou politicamente na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo guerrilheiro de resistência contra a ditadura. Foi preso em abril de 1971, torturado e executado pela equipe do DOPS/SP coordenada pelo delegado Sérgio Fleury.

Na época de sua morte, foram forjadas versões de tentativas de fuga que “resultaram em sua morte”. Em 2018, os trabalhos identificaram também os remanescentes de seu irmão, Dimas Antônio Casemiro.

Histórico da Vala de Perus

A Vala de Perus é um resquício das violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar no Brasil. No local, foram enterrados corpos de pessoas indigentes, de desconhecidos e daqueles considerados opositores ao regime de opressão iniciado em 1964.

Os remanescentes ósseos foram descobertos em 1990 no Cemitério Dom Bosco, bairro Perus, em São Paulo. Inicialmente, foram levados à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e também foram encaminhados para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Após diversas denúncias relacionadas às condições precárias de armazenamento das ossadas, estas foram realocadas para o Instituto Médico Legal (IML) do Estado de São Paulo até serem transferidos ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para os devidos trabalhos de identificação.

Em 24 de março de 2025, o Governo Federal realizou um pedido de desculpas quanto à negligência na guarda e identificação dos remanescentes ósseos da Vala de Perus, reiterando seu compromisso com a Memória e a Verdade em relação ao período da ditadura militar no Brasil.

Com informações de Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

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